Sexta, 14 de agosto de 2020




Jamais troquei de lado.
Por quê? Eu não tenho lado.
Ou melhor, o meu lado sou eu
...
ANDO DEVAGAR
PORQUE JÁ TIVE PRESSA





Escreva apenas para






especial

Nesta sexta, uma cesta
de Lula Vieira!



Além do texto brilhante, é um dos maiores criadores de jingles do Brasil







Eu fui muito pobre, mas tive a sorte de estudar no Colégio Aplicação em São Paulo, que na época era muito bom, um colégio sofisticado, embora do governo.


Corro o risco de ser um dos maiores colecionadores de programas de rádio do mundo. Tenho mais de 30 mil programas e certamente mais de 5 mil jingles.








Tom Jobim foi um grande jinglista. Foi ele quem criou para o talco Johnson a obra-prima que diz, mais ou menos, o seguinte: “Chegou a criança mais bonita que já se viu; não me importa se é Maria, não me importa se é João; o que eu sei é que eu tenho o carinho na palma da minha mão.” Quer dizer é o talco na mão do pai, presumivelmente cantando para a mulher grávida. A interpretação e a orquestração também são dele. É brilhante.





Lula Vieira (Luis Antonio Alves Vieira) nasceu em São Paulo, 7 de março de 1947. É  publicitário, escritor, jornalista, radialista, ator, editor e professor.

Casado com a jornalista e empresária Silvana Gontijo(foto), é um dos mais premiados publicitários do país - Publicitário do Ano pela Associação Brasileira de Propaganda e Prêmio Colunistas como "Profissional do Ano" por seis vezes. 




Recebeu mais de 300 prêmios da área, entre eles Festival de Cannes e Profissionais do Ano da Rede Globo.

Ele estudava na Escola de Aplicação da USP e deixou os estudos porque conseguiu um emprego na Última Hora de São Paulo, como rádio-escuta e logo depois foi ser redator de Polícia. Tinha apenas 17 anos.
Um ano depois foi trabalhar na agência Silvestre Publicidade como redator e em seguida na VIP, um Estúdio de Criação que produzia para clientes como TV Excelsior e Philips.

Estimulado por clientes, em 1967, abriu com três sócios a primeira agência de publicidade em Brasília (Grupo Jovem Publicidade), tendo atendido bons clientes como Correio Braziliense, Rádio Nacional, construtora Ecisa, Imobiliária Nova York.

O sucesso dos lançamentos em Brasília para Imobiliária Nova York levou a agência a disputar a conta dessa empresa no Rio de Janeiro, em 1970, abrindo a filial carioca. Em pool com a agência VOGA, conquistou a conta do lançamento da “Morada do Sol”, tendo em seguida criado diversas campanhas imobiliárias.

No lançamento do Jornal Nacional, a agência JMM Publicidade, responsável pela conta do Banco Nacional, resolveu montar uma equipe de criação capaz de criar e produzir o grande número de filmes publicitários que o programa exigia. Lula foi convidado a dirigir esta equipe. Na JMM, além de mais de 100 filmes para o Grupo Nacional, criou campanhas para as Aerolineas Argentinas, Casas Masson, SEBRAE, etc.

Em 1974 foi chamado para trabalhar na SSC&B Lintas, como Diretor Associado de Criação.




Em 1976 foi convidado para assumir a Direção de Criação da J.W.Thompson Rio de Janeiro, onde ficou responsável pela criação de campanhas para clientes como CitiBank, De Beers, Fleyshmann&Royal, Cia. De Cigarros Souza Cruz (Minister, Charm e St Moritz), Rio Gráfica e Editora (Editora Globo), Pepsi Cola. Participou da criação de campanhas para Kodak, Unilever, além de campanhas internacionais em países como Venezuela, Peru, Espanha, Itália. Criou campanhas internacionais da De Beers para mais de 15 países.

Em 1982 abriu sua própria agência, juntamente com Valdir Siqueira e a agência gaúcha Escala Publicidade, a V&S Escala Publicidade.

Mais tarde a Escala deixou a sociedade e a Young&Rubicam adquiriu 50% de participação. Durante os 23 anos de existência, a agência atendeu clientes como IBM, Xerox, Citibank, NET, Canal Telecine, Canal SportTV, Ministério da Saúde, Embratel, Petrobrás, Eletrobrás, Rio Gráfica e Editora (Editora Globo), Jornal do Brasil, Rádio Cidade, TV Manchete, Revista Manchete, Ministério de Minas e Energia, Programa Luz Para Todos, Riotur, ALERJ – Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro, Governo do Estado do Rio de Janeiro, Telerj, Mesbla, Revendedores Autorizados Volkswagen Rio de Janeiro, Governo do Espírito Santo, Baush&Lomb, Disque Denúncia (agência voluntária), VIVARIO (agência voluntária), O DIA, Rio Sul, Fashion Mall, Associação dos Shopping Centers, etc.

A V&S foi três vezes a Agência do Ano pela Associação Brasileira de Propaganda e Prêmio Colunistas.

Foi membro do Juri dos Festivais de Cannes, Associação Brasileira de Propaganda, Festival de Gramado, Festival da Guatemala, Profissionais do Ano da Rede Globo, Clio Awards e Prêmio O Globo.





Autor dos livros “Loucuras de Um Publicitário” e “Incomodada Fica Sua Vó”, e coautor dos livros “Marcas de Valor no Mercado Brasileiro”, “Marketing Esportivo” e “Para Entender o Brasil”.


Hoje, Lula é diretor do Grupo Mesa e da Approach Comunicação. Escreve no PROPMARK

Contatos pelo lulavieira.luvi@gmail.com




O texto mais genial do Lula Vieira?

A crônica sobre os chatos

Não me lembro direito, mas li numa revista, acho que na Carta Capital, um artigo levantando a hipótese de que todo o cara que tem mania de fazer aspas com os dedinhos quando faz uma ironia é um chato.

Num outro artigo alguém escreveu que achava que jamais tinha conhecido um restaurante de boa comida com garçons vestidos de coletinho vermelho.

Joaquim Ferreira dos Santos, em ‘O Globo’ de domingo, fala do seu profundo preconceito com quem usa ‘agregar valor’.

Eu posso jurar que toda mulher que anda permanentemente com uma garrafinha de água e fica ‘mamando’ de segundo em segundo é uma chata.

São preconceitos, eu sei. Mas cada vez mais, a vida está confirmando estas conclusões.

Um outro amigo meu jura que um dos maiores indícios de babaquice é usar o paletó nos ombros, sem os braços nas mangas. Por incrível que pareça, não consegui desmentir. Pode ser coincidência, mas até agora todo cara que eu me lembro de ter visto usando o paletó colocado sobre os ombros é muito babaca.

Outro índice infalível é que atrás de (fumando) um cachimbo existe 1 de 2 tipos de pessoas: Ou inglês, ou babaca! Com cinqüenta e muitos anos de vida, nunca encontrei outra espécie…

Já que estamos nessa onda, me responda uma coisa: você conhece algum natureba radical que tenha conversa agradável?

O sujeito que adora uma granola, só come coisas orgânicas, faz cara de nojo à simples menção da palavra ‘carne’, fica falando o tempo todo em vida saudável. É a pessoa ideal para companhia na madrugada?

Eu detesto certos vícios de linguagem, do tipo ‘chegar junto’, ‘superar limites’, e os famosos ‘gerundismos’ que lembram papo de concorrente a big brother.

Mais uma vez, repito: acho puro preconceito, idiossincrasia, mas essa rotulagem imediata é uma mania que a gente vai adquirindo pela vida e que pode explicar algumas antipatias gratuitas.

Tem gente que a gente não gosta logo de saída, sem saber direito por quê. Vai ver que a pessoa transmite algum sintoma de chatice.

Se algum dia eu matar alguém, existe a grande possibilidade de ser um guardador de carros.

Deus que me perdoe, me livre e me guarde, mas tenho menos raiva de um assaltante do que do cara que fica na frente do meu carro fazendo gestos desesperados tentando me ajudar em alguma manobra, como se tivesse comprado a rua e tivesse todo o direito de me cobrar pela vaga.

Sei que estou ficando velho e ranzinza, mas o que se há de fazer?

Não suporto especialista em motivação de pessoal que obrigue as pessoas a pagarem o mico de ficar segurando na mão do vizinho, com os olhos fechados e tentando receber ‘energia positiva’.

Aliás, tenho convicção de que empresa que paga bons salários e tem uma boa e honesta política de pessoal não precisa contratar palestras de motivação para seus empregados. Eles se motivam com a grana no fim do mês e com a satisfação de trabalhar numa boa empresa.

Que me perdoem todos os palestrantes que estão ficando ricos percorrendo o país, mas eu acho que esse negócio de trocar fluidos me lembra putaria.


E para terminar: existe qualquer esperança de encontrar vida inteligente numa criatura que se despede mandando ‘um beijo no coração’?







Uma seleção de jingles

Lula Vieira apresenta no Reclame no Rádio os jingles que marcaram época, com uma pitada de quem viveu essas grandes produções. Ele conta as histórias de bastidores da criação destas campanhas que permanecem na lembrança de todos.
Confira:

https://soundcloud.com/programareclame/sets/jingles-inesquec-veis-por-lula



A fantasia é a melhor coisa do rádio. Aqui no Brasil, a Rádio Nacional, a Rádio Tupi, comandavam tudo. O que dizer das radionovelas? Uma beleza... O narrador falava da “mocinha”, que era linda, e você criava a sua mocinha, linda como você a imaginava. Eu tenho essa tese de que rádio tem imagem, porque é a imagem que você faz na sua cabeça. Eexatamente por isso ele é mais poderoso que a televisão em alguns momentos.





O dia em que fui em cana

Uma vez, na Thompson, nós criamos um filme para a De Beers (um diamante é para sempre…) que se passava num farol marítimo.

Era uma cena romântica com um casal que namorava sob o farol, num fim de tarde. Quando o sol ia se pondo, o rapaz tirava do bolso um anel com um puta de um diamante e enfiava no dedo dela. Sem jogo de palavras, por favor.

O anel era dele, o dedo dela, tá? Daí, o resto vocês imaginam: um enorme de um beijo, close no diamante, a luz do sol se fundia com a luz do diamante, o clarão dominava a tela, a música subia e entrava a assinatura do cliente.

Ah! Em tempo! Estávamos em plena ditadura militar, a pior fase. A explicação tem importância de agora em diante.

Acontece que o diretor de arte do filme achou o farol de Ponta Negra, no Rio de Janeiro, meio derrubado. E resolveu pintá-lo. Até hoje não sei por que na hora de escolher a nova pintura, eu ( o grande babaca) dei a ideia de fazê-la em quadrados vermelhos e brancos. O que eu não imaginava era que desenho de farol tem algum significado para a navegação, assim como a intermitência da luz, etc. e tal.

Bem, pintamos o farol (ficou uma gracinha), fizemos o filme e deixamos a nova decoração como um presente à marinha brasileira.

Pra quê? Deu o maior rebu. O farol, viadíssimo, todo pintado de quadradinho quase avacalha toda a navegação no Sudeste brasileiro. 

Pilotos de navios não conseguiam entender que merda era aquela. De uma hora para outra aparecia num acidente geográfico um pirocão todo decoradinho, inteiramente em desacordo com as normas internacionais. Choveram reclamações. A paranóia da época chegou a pensar em sabotagem comunista. Moscou resolvera invadir as nossas praias. Ou Cuba.

E o primeiro passo seria esculhambar nossa sinalização. Mais ainda: os perigosos comunistas resolveram ridicularizar as forças armadas sugerindo que os homens do mar brasileiros fossem boiolas. O pobre do fuzileiro naval que deveria guardar o farol foi preso.Acabou entregando o produtor do filme, que entregou o diretor de arte que me entregou.

Como se diria na época, caímos todos. Eu só não fui em realmente em cana porque sou macho. Fugi pela janela da Thompson tão logo o jipe da marinha surgiu no pátio. Graças a Deus, o pai de um estagiário era almirante e a gente conseguiu negociar a repintura do farol, salvando assim o tráfego marítimo nas nossas águas. E as nossas peles.

O único que quase apanhou foi o diretor de arte. Diante do tenente aos berros, que queria saber quem tinha feito aquela palhaçada, ele revirou os olhinhos, pôs as mãos na cintura e reclamou: “Você é muito mal agradecido.”

Também acho. Farol decorado com quadradinho compõe mais naquela paisagem.







Velhas Histórias

Publicada em PROPMARK, em 16 de junho de 2015

Amigo meu parou num sinal vermelho e foi abordado por um mendigo de uns 14 anos, forte e saudável.
Vocês já viram isso: a gente se comove com um, dá uma graninha para o outro, e acaba ficando puto, pois a fila de pedintes parece não ter fim. Daí uma hora acaba perdendo a paciência.
– Porra – disse meu amigo elegantemente – por que não vai trabalhar?
– O que eu tô fazendo aqui é o meu trabalho, ô bundão! Foi a mimosa resposta.
E o sinal abriu.

***

Uma vez, em Nova York, Antonio Fadiga e eu fomos levar a Christina Carvalho Pinto ao aeroporto. Evidentemente, a Christina só conseguiu se aprontar quase na hora do avião sair e o motorista (mineiro) teve que fazer malabarismo no trânsito para chegar ao terminal da United a tempo.
Estávamos voltando para Downtown (expressão típica de veadinho viajado, não?), quando toca o celular do Fadiga.
Era a Christina, contando que a companhia aérea se recusava a transportar seu excesso de bagagem.
Fadiga tentou ajudar Christina a inventar mil razões para convencer a moça do balcão a quebrar o galho. Tudo foi tentado: desde a condição de presidente de uma multinacional, amiga de autoridades, até doença na família.
Nada comovia a americanazinha nazistóide. A bagagem não ia embarcar. E ponto.
Fadiga e eu, impotentes, engarrafados na ponte, pouco podíamos fazer. Até que Fadiga teve uma lembrança:
– Chora Christina, chora!
Deu certo. A elegantíssima, charmosíssima, profissionalíssima Christina Carvalho Pinto abriu o berreiro no aeroporto, comoveu meia United e embarcou com a tralha toda.

***

Zé Guilherme Vereza apresentou um puta de um anúncio para um cliente muito educado, muito respeitador, que resolveu usar muita diplomacia para reprová-lo.
Cheio de outrossins e ora-por-quem-sois, o cliente enfileirou razões desde filosóficas a psicológicas, sem esquecer de mencionar problemas de verossimilhanças e percepções, e destruiu o anúncio.
O Zé já tinha apresentado todos os argumentos possíveis e, a cada um, o cliente encontrava uma resposta a altura. A peça já estava morta e no rabecão, a caminho do cemitério dos anúncios.
Em desespero, o Zé resolveu partir para a ignorância.
– Se o senhor não aprovar este anúncio eu vou ficar muito triste…
Para isso o cliente não tinha resposta. O anúncio foi publicado e, até hoje, está no portfólio do Zé.
Um puta de um anúncio.

***

Tem uns leitores que acham que eu forço a barra um pouco na – digamos – livre linguagem.
Sabe como é, né?, reclamam de uns porras e de umas merdas espalhadas gratuitamente ao longo das histórias.
É claro que essa gratuidade é apenas no entender deles, já que muita gente acha que certas palavras são mimosas lantejoulas que, salpicadas com talento, dão luminosidade ao texto.
Minha avó, santa criatura, sempre achou que palavras fesceninas são o tempero do linguajar rico.







Pra fugir do vírus

Publicado no PROPMARK em 28 de julho de 2020

Na minha casa e nas casas da família as pessoas creem no coronavírus e na possibilidade de transmissão da doença. Apesar de a média em matéria de educação formal seja doutorado, diante da pandemia estão agindo como caipiras de história antiga. Jeca Tatu seria considerado um pensador de vanguarda se o assunto for como se comportar diante dos riscos de contaminação. Vai daí que resolveram instalar um sistema de transmissão na fazenda dos parentes de minha nora, levaram seus lap-tops, e transferiram seus escritórios para a roça. Continuam trabalhando em meio a produtores de leite e derivados, criadores de cavalos de raça e agricultores. Não deixaram de fazer reuniões e se manterem informados. Mas longe do vírus. Eu estava em dúvida se valeria a pena trocar minha casa, que é quase rural, pelo frio enregelante do interior bravo das Minas Gerais.

Mas nora e filho encerraram a discussão, de forma violenta e definitiva. Usando o chamado pátrio poder, levaram minhas netas com eles quando se mudaram provisoriamente para o mato. Daí, se poderia haver alguma dúvida, o assunto foi encerrado. Arrumamos a matula, demos um trato nos computadores, pegamos os agasalhos datados do tempo que se ia à Europa, lotamos o carro e apontamos a proa para o sertão bravo. Pois foi no interior das Minas Gerais, com os parentes de minha nora, a multidão de primos e primas das netas, que já na provecta idade que me encontro, tive uma experiência maravilhosa. Um retorno a um estilo de vida que perdemos não sei quando, mas é uma lição. Um jeito de viver que eu já tinha esquecido. A fazenda da família fica perto de uma cidade chamada Entre Rios de Minas, onde foi criada e desenvolvida a raça de cavalos campolina. Tem 15.000 habitantes e uma qualidade de vida que, confesso, me fez remoer de inveja.

O que perdemos, o que perdemos! Não falo de um ruralismo retrógrado e melancólico. Muito menos de uma contracultura hippie ou fundamentalista. Estou falando de uma cidade antenada com o futuro, com todas as comodidades possíveis, mas que decidiu usar as ferramentas criadas pelo progresso somente naquilo que pode trazer conforto. A lan house, por exemplo, é um laboratório do dr. Silvana, com tudo que alguém antenado pode desejar em matéria de computadores e jogos eletrônicos. Tem equipamentos que não fariam vergonha a numa similar no Vale do Silício.

Mas fecha na sexta à noite e abre na segunda, pois este é o horário civilizado de um estabelecimento do ramo. Diante de um problema grave, tal como o médico, o técnico pode ser encontrado no bar, na casa da noiva ou numa festa. Mas é só perguntar a qualquer pessoa na rua. Impossível de acontecer que na terceira abordagem não se saiba onde ele está. Os estabelecimentos comerciais oferecem quase tudo que um ser humano precisa para viver. Mas algo chama a atenção. Não há uma franquia na cidade inteira.

O bar é do Tião, ou Da Praça, ou do Manoel ou do Gaguinho, assim como todo o comércio e serviços são identificados pelo nome do dono. A borracharia é do Zeca; a oficina, do Valdemar; a quitanda, da Esmeralda. Abrem-se exceções para as sofisticadas lojas de roupas, presentes, joias e adereços. Nesse caso, permite-se a livre criação. Bonita’s, Fino Toque, Alfazema. Pelas meninas e rapazes da cidade dá para se perceber que há espaço para elegância e glamour. Não existe fundamental diferença nas roupas de Entre Rios de Minas e, digamos, do Leblon ou de um shopping dos Jardins em São Paulo. Mas, eu juro, há mais sorrisos. E há também belos cavalos, justificando o slogan da cidade, esculpidos em mármore, no começo da avenida principal: “Entre Rios de Minas – Berço do Campolino”.

O caminhão da companhia de transportes local tem um slogan escrito no baú que é, por si, um exemplo de vida: “Não Tenho Horário”. Pode ser bom, pode ser ruim, depende da sua cabeça. Por causa desse caminhão, peguei um tremendo engarrafamento. Ele estava descarregando dois sofás na loja de móveis e fechou uma das ruas principais. Formou-se uma fila de mais de seis carros, tornando o trânsito um caos. Os motoristas, depois de bradar todos os gracejos possíveis ao motorista do caminhão, abandonaram seus carros e foram para o bar, melhor lugar para se apreciar o trabalho de retirar os sofás do baú. Eu conto mais coisas na semana que vem. Eu estou tendo de voltar. A rádio me espera. Mas volto contrariado, tendo certeza de que, se existe um lugar sofisticado neste país, ele se chama Entre Rios de Minas.



PRA ENCERRAR,
UM PAPO DE 24 MINUTOS





3 comentários:

  1. Boa tarde.

    Prėvid,

    Com frequência, vejo o excelente jornalista escrevendo Petrobrás. Acho que até já foi assim. Mas hoje, é Petrobras.

    Fraterno abraço.

    Alexandre Carvalho.

    ResponderExcluir
  2. Muito bom! A Cesta com o Lula Vieira ficou ótima, e parabéns por aceitares a sugestão de um seguidor e agora colaborador. Siga nessa linha editorial que o reconhecimento será cada vez maior. Como diz o Felipe Vieira: Vida longa ao Blog e a ti Previdi!!!

    ResponderExcluir
  3. Excelente. Lula Vieira, um gênio da publicidade brasileira. As novas gerações têm alguém parecido com ele? Ele viveu o auge da sua atividade e hoje, sabemos todos, as agências de publicidade enfrentam a mesma crise dos jornais e das tevês. Veja que coisa linda o que ele escreveu sobre o rádio.

    ResponderExcluir