Sexta, 11 de dezembro de 2020

 

Jamais troquei de lado.
Por quê? Eu não tenho lado.
Ou melhor, o meu lado sou eu
...
ANDO DEVAGAR
PORQUE JÁ TIVE PRESSA





Escreva apenas para





especial

Nesta sexta, uma cesta 
de 
Arthur Hailey! 


Um contador de histórias profissional





Vendeu mais de 170 milhões de livros em 40 países.


Sou mais um contador de histórias do que um escritor. Sou um homem prático, que nada mais faz do que tirar proveito de seu talento, como faz um cantor, um pianista ou um piloto de corridas. O que pretendo é provocar o interesse do leitor pela história que narro.





Arthur demorava, no mínimo, três anos para escrever um livro.


Arthur Hailey nasceu Luton, Bedfordshire, Inglaterra, filho de um casal de operários. Começou a trabalhar com 14 anos, interrompendo seus estudos após concluir o curso primário. Apesar disso, lia tudo o que lhe chegava às mãos. Logo descobriu que essa é a melhor escola para quem desejava escrever.

Com a II Guerra Mundial, Hailey alistou-se na RAF - Força Aérea Real -, tendo sido mandado ao Canadá para adestramento. Serviu até o final do conflito como tenente-aviador, cumprindo missões na América do Norte, Oriente Médio e Extremo Oriente. Durante os breves intervalos das ações militares, aproveitava o tempo para escrever poemas, peças teatrais e contos, que foram publicados depois em pequenos jornais e revistas.



Entre 1944 e 1950 esteve casado com Joan Fishwik. Nessa época, em 1947, emigrou para o Canadá. Em 1951 casou-se com Sheila Dunlop, com quem teve três filhos.


Em 1956, viajando num avião comercial em meio a uma tempestade, Hailey, até então diretor de vendas e publicitário, se perguntou o que aconteceria se a tripulação sofresse um colapso e ele, ex-piloto, fosse chamado a assumir o comando do aparelho. Pensando nisso, começou a escrever um texto para a televisão, a que deu o nome de Flight into Danger (Voando para o Perigo).


A novela foi aceita pela CBC, de Toronto, e levada ao vídeo com grande sucesso no Canadá, Estados Unidos e Inglaterra. Foi posteriormente reescrita como romance Runway Zero-Eight. Nos anos seguintes ele escreveu mais 10 peças e diversos roteiros de cinema, como Zero Hora (1956), Time Lock (1957) e Os Jovens Médicos (1961), tornando-se o escritor canadense de maior sucesso internacional, tendo recebido, durante dois anos consecutivos, o prêmio de Melhor Escritor Teatral da TV canadense. Em 1958 começou a dedicar-se exclusivamente à carreira de escritor.

Em 1965 mudou-se para a Califórnia, mas em 1969 tornou a emigrar, desta vez para as Bahamas, como forma de evitar os impostos cobrados por Canadá e Estados Unidos, que já chegavam a 90% de seu rendimento.


Em 1979, após a publicação de Colapso, anunciou a sua aposentadoria, por sentir-se muito cansado. Estava disposto a viajar, pescar, relaxar ouvindo música. O que ele não sabia é que estava próximo da morte, com seis obstruções nas coronárias.



Após ser diagnosticado e fazer cirurgia de colocação de quatro pontes de safenas, sentiu-se tão revigorado, a ponto de sua esposa Sheila recomendar-lhe escrever outro livro. O que efetivamente aconteceu com Remédio Amargo, que ainda foi seguido por outros romances.


Morreu em 2004, aos 84 anos, de infarto enquanto dormia, em sua casa em Providence Island, nas Bahamas.


Livros


Voando Para o Perigo
Hospital
O Primeiro Ministro
Hotel
Aeroporto
Automóvel
Dinheiro
Colapso
Um Minuto Para Morrer: histórias para a televisão, que engloba:
Um minuto para morrer;
Voando para o perigo;
A fechadura-relógio;
O diário de uma enfermeira;
Sombra de suspeita;
Rota de Colisão.
Remédio Amargo
O Jornal da Noite
Detetive



Hospital 

Texto de Reynan da Silva - https://www.recantodasletras.com.br/:

Um dos segredos do sucesso mundial de Arthur Hailey é o fato de ele parecer ampliar os horizontes dos leitores, mostrando em detalhe a vida de profissionais importantes: direitos de empresas, políticos, médicos, técnicos especializados. Cada livro custa-lhe uma pesquisa minuciosa e tem obtido aprovação de gente comum e de especialistas.

Um médico, por exemplo, é capaz de ler com interesse este Hospital. O próprio autor (que não é médico) conta que levou messes fazendo a pesquisa do ambiente e dos personagens de seu livro. Chegou mesmo a “infiltrar-se” em uma grande clínica, disfarçado de médico, para conviver com os profissionais que lá trabalham.

Esse esquema jornalístico é a características principal de Arthur Hailey desde o começo de sua carreira.

Nascido na Inglaterra em 1920, participou da II Guerra Mundial como piloto da Força Aérea britânica. Em 1947, emigrou para o Canadá, onde exerceu cargos de diretor de vendas e de publicidade.

Em 1956, escreveu o roteiro de um filme para uma emissora de TV em Toronto: Voando para o Perigo (Flight into Danger). O filme fez sucesso e foi transformado em romance em 1958. outros roteiros surgiram, como Hospital (The Final Diagnosis, 1957, transformado em romance em 1959 e adaptado para o cinema em 1961).

O sucesso desses romances, e de outros como Hotel (1965), Aeroporto (1968) e Automóvel (Weels, 1975, Sobre a indústria automobilística), tornou Hailey Milionário. Depois de viver algum tempo na Califórnia (EUA), o escritor transferiu-se para as Bahamas.




O Jornal da Noite


Texto de Álvaro Andrade Garcia e Delfim Afonso Jr.
Do https://www.ciclope.com.br/


Conferindo rara verossimilhança a um sequestro nos bastidores da notícia, Arthur Hailey se aproxima do bestseller perfeito


Crawford Sloane é o âncora de uma das maiores redes de televisão dos EUA. Quando menos se espera, sua família é sequestrada por latino-americanos. O cartel de Medellin/Sendero Luminoso, numa arriscada operação, age em território norte-americano. Sua exigência para libertar as vítimas é impossível de ser cumprida. Os amigos de Crawford na tv desconfiam da eficiência do FBI e CIA, e montam uma operação paralela para localizar e recuperar sua família.

Até aqui nada demais. Para quem conhece o ramo, essa trama é figurinha repetida. Todo livro do gênero intriga internacional tem essa espinha dorsal. A ela, repleta de ação e aventura, acrescente grandes organizações massacrando os indivíduos, rixas pessoais, algumas pitadas de sexo, e seu livro está pronto. O problema do gênero é como desencadear e apresentar os acontecimentos. Hailey merece elogios. O Jornal da Noite é um grande livro. Traz com inteligência e bom texto tudo aquilo que o leitor poderia desejar de um bestseller. Se pudesse sintetizar: excelente trama, detalhamento e ambientação da história.

Hailey trabalha O Jornal da Noite costurando uma delicada rede de acontecimentos simultâneos, entrecortados por flash backs, que fornecem ao leitor uma massa de dados com a qual pode se antecipar aos acontecimentos no livro. Esses elementos não são apresentados de forma didática ou professoral. Os recortes e tramas paralelas vão trazendo, em momentos isolados, uma série de elementos que vão precisar da inteligência e perspicácia de quem lê para se tornarem úteis na comprrensão da trama e dos personagens. Em muitos instantes o leitor tem todas as pistas que estão ao alcance dos herois, para ser utilizadas na sua luta contra os bandidos, pois foi se inteirando dos acontecimentos, com dados aparentemente aleatorios que, articulados, trazem chaves de como a história pode se encaminhar. Para seu deleite, entretanto, apesar das pistas não sabe como a história prosseguirá. O leitor nesses instantes é colocado em pé de igualdade com os personagens, já que apenas algumas das pistas que conhece serão descobertas pelos heróis, determinando uma deflagração específica no encaminhamento da história.

Nos recortes do tempo, assinalados em itálico na narrativa, Hailey monta uma série tramas secundárias, de igual interesse, onde desencadeamentos de ações chegam até o ponto em que se encontram os personagens agindo. Nesses recortes, apresenta melhor determinadas caracteristicas psicológicas dos personagens, que terão importância na trama presente do livro, trazendo subsídios para o leitor participar daquele ou deste diálogo ou ação com um conjunto substancial de dados.

Hailey mantém o leitor extremamente bem informado. Essa é sua característica. Ela chega a ter requintes perfeição em determinadas passagens do livro. Nelas, existem descrições minuciosas de como se maquilar um carro, se conseguir uma chapa fria em Nova York, um passaporte falso na Inglaterra; noções de anestesiologia, com nomes de drogas, dosagens, efeitos colaterais; instruções sobre como transferir dinheiro em dólares do Peru a Nova York, sonegar impostos; informações sobre equipamentos de navegação de aeronaves. Qualquer elemento novo que é apresentado ao leitor na narrativa é dissecado e analizado com riqueza de detalhes e ar de veracidade muito grande.

Seu melhor trabalho de detalhamento no livro é sem dúvida a ambientação. O leitor gosta de sentir que o autor domina e sabe apresentar a ele um ambiente novo, onde vai se passar a história. No O Jornal da Noite, Hailey nos desvenda o telejornalismo. Recebemos informações sobre os bastidores de algo bem cotidiano: como é feito um jornal de tv. Ele informa com detalhes como é a operação de uma grande cadeira de televisão norte americana. Descreve o funcionamento do seu departamento de jornalismo. Nos apresenta o prédio, os equipamentos, as pessoas que trabalham ali com suas rotinas e ideologias. O livro é leitura obrigatória para um estudante de jornalismo. Hailey coloca em discussão temas e máximas que deve ter colhido em suas pesquisas. Pensamentos como este: “Insen tinha uma filosofia a respeito dos milhões lá fora que assistiam ao Jornal da Noite. Para ele, o que a maioria do público de telespectadores desejava eram respostas a estas três perguntas fundamentais: O mundo está em segurança? Minha casa e minha família estão em segurança? Aconteceu alguma coisa interessante hoje? Acima de tudo, Insen tentava fazer que as notícias, a cada noite, fornecessem essas respostas.” Constatações como essa: “… – para a televisão – as imagens dramáticas deveriam ter prioridade absoluta, ficando em plano secundário as análises ponderadas e, às vezes, a própria verdade.” Não é a toa que o livro se consome em mais de seiscentas páginas. Se passam cento e cinqüenta e o sequestro ainda está acontecendo, mas em compensação, quem não conhecia nada de telejornalismo, vai estar sabendo um pouco mais.

O Jornal da Noite é um livro de mestre no gênero. Bem dosadas estão todas as características que fazem um livro alcançar o sucesso no gênero intriga internacional: ação, informação detalhamento e pesquisa, heroi contra inimigos atuais (a moda agora é fritar os latinos) e insersão da ficção na realidade. O leitor se satisfaz em saber que a ação apresentada no livro é uma hipótese plausível no mundo real: “Puxa, isso poderia ter acontecido. Alguém poderia tramar alguma coisa assim.”

E Hailey consegue. E acerta na dose. Os elementos são misturados de forma precisa e acertada. Existe muito intelectual por aí que nunca leu um livro de ação como esse. Quem se acostumou a nivelar os best-selleres e dizer que todos tem má qualidade, que se cuide. Tem gente fazendo coisa muito boa no gênero. Hailey merece morar nas Bahamas com Sheila e fazer seus milhões de dólares.


6 comentários:

  1. Arthur Hailey,

    Ganhou dinheiro, fama, ótimo para ele, mas nada deixou em termos de boa literatura. Escritor 3 x 4 !

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  2. Data vênia, discordo. Hailey não era um Faulkner, mas compará-lo com um estilo Paulo Coelho,aí vai uma grande distância. Paulo Coelho é uma Cassandra Rios com enredos diferentes...

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  3. Caros Antenor e Prévidi, o caso Paulo Paulo, é um 'case' de difícil explicação. Li praticamente todos os livros dele, pois, mania, leio tudo mesmo, mas sempre disse humildemente que não os entendia. Li a biografia dele, um calhamaço de mais de 500 páginas. Na realidade ele buscou um 'nicho'e o alcançou plenamento, e no qual não tem pra ninguém, ele é o cara: o místico, o pseudo religioso. É o maior vendedor de livros do mundo disparado! Algum mérito ele tem, mesmo que eu e vocês dois, e mais uma multidão, não o entendamos. Uma das explicações que eu imagino justificarem tal fenômeno é o fato que recentes pesquisas nos Estados Unidos registrem que 70% dos americano acreditam em 'anjo da guarda'(claro, exceto a família Kennedy). Eu andei agora há pouco relendo vários dos livros do início da sua carreira, pra ver se eu mudava de opinião, Não!, continuo não o entendendo. Abraços.

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    1. Quando eu escrevi que Hailey é um Paulo Coelho quis apenas mostrar que os dois SÓ se preocupam em vender livros. Milhões de livros. São fenômenos. Paulo Coelho não li nada, mas do americano li, na década de 70, Automóvel. Cá entre nós, é muito bem feito. Na época, diziam que ele tinha um escritório que o ajudava - ou seja, os livros eram escritos por dezenas de colaboradores, mais ou menos como as novelas da globo.

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    2. Eu li uns dois livros dele, para poder entender melhor do que todo mundo falava, lá quando surgiu. Não gostei, não achei ruim, achei raso. Talvez por ter o hábito de ler coisas melhores ou mais profundas? Mas desde então, classifico ele como "uma droga de entrada" para coisas mais fortes. Se ele, com aquela literatura rasa e previsível, despertar o hábito da leitura em mais gente, tá valendo. Em certa medida, é o que o Dan Brown fez com Código da Vinci, que para "Literatura" não serve, mas como entretenimento cumpre seu papel. Estes autores podem auxiliar nisto - fomentar o hábito de ler - um hábito tão abandonado em nosso país.

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