Sexta, 16 de abril de 2021

 

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especial

Nesta sexta, uma cesta 
de 
Vanderlei Cunha! 













O programa completo

1º Festival Universitário
da Música Popular Brasileira

- Na visão do jornalista, radialista e pesquisador Vanderlei Cunha -


(clica em cima que amplia)


Detalhe para os dirigentes do DAFA







1º Festival Universitário da Música Popular Brasileira aconteceu há 53 anos, naquele junho gelado de 1968, no auditório da Reitoria da UFRGS (também conhecido como Salão de Atos). O porto-alegrense lotou as quatro noites do evento, promoção do Diretório Acadêmico da Faculdade de Arquitetura (DAFA) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

Quem viveu aquelas eliminatórias em meio a um turbilhão de aplausos de torcidas e até vaias por algumas discordâncias pontuais com decisões dos jurados, sabe do que estou falando. 



Laís Aquino Marques (integrante do já incensado Grupo Canta Povo) teve TRÊS canções classificadas entre as doze finalistas: ´Quem Vem Lá´, ´A Caminho de Casa´ e ´Você, Por Telegrama´, todas absolutamente notáveis. 



A plateia do Festival, formada por centenas de jovens estudantes universitários, esteve o tempo todo excitada pelas características nacionais do empreendimento, que trouxe a Porto Alegre competidores de faculdades cariocas, fluminenses, paulistas e paranaenses, somados a artistas e compositores que começavam a despontar na cena musical do país, como Eduardo Conde, Danilo Caymmi, Paulinho Tapajós, Arthur Verocai, Edmundo Souto, Iracema Werneck, Beth Carvalho e Lucelena (integrante do então muito badalado Grupo Manifesto).


A cuiabana Lucelena, na maciez de seus 18 anos, foi a intérprete perfeita para a linda `Canção do Entardecer´, balada de Wanderlei Falkenberg e uma das finalistas. Quatro anos depois, no VII Festival Internacional da Canção de 1972, no Rio, trocou seu nome para Lucina e formou dupla com a carioca Luli em `Flor Lilás´, com arranjo de Zé Rodrix (1947-2009). Como Luli e Lucina (foto), construíram uma carreira de sucessos na MPB, que durou até 1998.

Ainda torço, enquanto é tempo, para a realização de uma mostra comemorativa ao cinquentenário do evento (numa almejada parceria com o DAFA de hoje) e de um espetáculo reunindo sobreviventes desse memorável Festival, tendo participações especiais de figuraças locais da geração que veio imediatamente após e que contribuíram para manter coruscante a chama musical da cidade.


Numa mirada curiosa no retrovisor da memória, e para citar apenas alguns, em 1968 Nei Lisboa tinha tenros 9 aninhos e ainda nem sonhava passar um verão em Calcutá; Borghettinho, aos 5, levaria mais 5 para começar a dedilhar sua gaita-ponto; Nelson Coelho de Castro, 14, fazia parte de um grupo de meninos cantores do Colégio São João; Vitor Ramil, mais moço que os manos Kleiton e Kledir, 6, mas já se assanhando com violão e acordeão. Os Almôndegas, embora ainda em formação como grupo, gravariam seu primeiro disco sete anos depois, em 1975. Já o Liverpool estava pronto, com Fughetti Luz, Pecos, Mimi e Marcos Lessa, Renato Ladeira e Edinho Espíndola fazendo shows concorridos e agitando a cena rock/pop do Portinho. Tão pronto que, um ano depois, no II Festival Universitário, em julho de 1969, venceria o primeiro lugar como intérprete de `Por Favor, Sucesso´, de Carlinhos Hartlieb. Mas esse, o II FUMPB, já merecerá um outro capítulo... 

Na produção executiva dessa coruscante noitada, sugeriria um quarteto de profissionais da pesada: 



Sepeh de los Santos (foto), Claudinho Pereira, Ayrton Patineti Dos Anjos e Telmo Borba Magadan para a luxuosa equalização de tudo.

Em 1968, Sepé estava com 16 anos e já fazendo backing vocals para Beth Carvalho (`Tá na Hora´ e ´Domingo Antigo´) e Malu Pederneiras (`De Rodeio´) nas eliminatórias do Festival; Claudinho, aos 21, era nosso primeiro discotecário balançando as noites do lendário Encouraçado Butikin; Patineti, aos 27, já produzira vários discos relevantes com artistas gaúchos.



Claro que o palco seria o mesmo da Reitoria, que, meio século depois, teria seu histórico assoalho tocado de novo pelas pegadas de Raul Ellwanger e Os Redondos, César Dorfman e seu Grupo Gamo de Arte Moderna, Mauro Kwitko, Laís Aquino Marques, Mutinho, Arthur Verocai, Arnoldo Medeiros da Fonseca, Iracema Werneck, João Alberto Soares, Paulinho do Pinho, Érika Norimar, Sabino Loguércio, Homero Lopes Filho, Paulo Pompeu Corrêa, Dirceu Furtado Bisol, Edwino Menegat, Paulo César Tavares, Ari Nardino Praessler, Valdo de Freitas Felinto, Eliana Chaves, José Alberto Fogaça de Medeiros (foto)... Lembro que o jovem José Alberto Fogaça de Medeiros, então com 21 anos, estudante de Filosofia na PUCRS e já professor de cursinhos pré-universitários, teve uma de suas primeiras composições, senão a primeira, a toada `O Gaudério´, selecionada entre as 36 classificadas. 

Futuro apresentador de TV e depois consagrado autor de `Vento Negro´, senador da República e prefeito de Porto Alegre, Fogaça teve seu `Gaudério´ desclassificado na segunda eliminatória. Inconformado com o revés, protestou em frente à Reitoria, criando a primeira polêmica do Festival ao bradar que os jurados haviam sido preconceituosos com o clima regionalista/gauchesco de sua canção... Será que ele ainda se lembraria disso?...


E, a exemplo daquele sempre pungente momento do Oscar, teríamos um In Memoriam em homenagem a tantos que partiram nesses 53 anos e que muito atuaram para o êxito da competição: Wanderlei Falkenberg (foto) (1948-2019), Giba Giba (1940-2014), Ivaldo Roque (1939-1986), Geraldo Flach (1945-2011), Eduardo Conde (1946-2003), Beth Carvalho (1946-2019), jornalistas e radialistas Osmar Meletti (1932-1979), Paulo Deniz (1938-2007), Osvil Lopes (1943-2018), Marcos Antonio Riso (1936-2001), jurados Túlio Piva (1915-1993), Tupinambá Azevedo (1942-2017), maestro Bruno Kiefer (1923-1987), apresentador Airton Duarte Kneipp (1939-2016).




E prosseguem surgindo os memoráveis registros do 1º Festival Universitário da Música Popular Brasileira, promoção do Diretório Acadêmico da Faculdade de Arquitetura (DAFA) da UFRGS, realizado em junho de 1968 na Reitoria da Universidade.

Agora é a vez do nosso Raul Ellwanger nos presentear com a letra de Zé do Treze:



Devo declarar que boa parte de meus arquivos do Festival (inclusive o LP de vinil, fitas de rolo com a Finalíssima e chamadas de rádio) foram emprestados, a pedido, aos organizadores do III FUMPB (junho de 1983) e, apesar dos esforços, nunca me foram devolvidos. Esclareço que esses organizadores nada tiveram a ver com as equipes do DAFA que promoveram os dois festivais anteriores (1968/1969).

Iracema Werneck

Ainda conservo muita papelada preciosa, programas, pôsteres, etc. e uma fita de rolo com muitas das canções em estado puro e enviadas para a seleção prévia da Comissão Julgadora.

A relação abaixo revela um pouco sobre as concorrentes e participantes do Festival: 19 músicas de um total de 36, entre as quais estão as 13 finalistas.

Raul Ellwanger entrou no LP com ´Sim ou Não´, e também brilhou nas eliminatórias com ´Zé do 13´.

Na foto, o autor do clássico ´Pealo de Sangue´ canta acompanhado por duas garotas, cujos nomes gostaríamos de saber:



1º lugar: JOGO DE VIOLA (João Alberto Soares/Paulinho do Pinho) Érika Norimar e Sabino Loguércio



2º lugar: CANTO PRA DIZER-TE ADEUS (Danilo Caymmi/Paulinho Tapajós/Edmundo Souto) Iracema Werneck



A CAMINHO DE CASA (Laís Aquino Marques) Laís/Silvia

BOA NOVA (Maria de Lourdes Flach) Renato e seu conjunto

CANÇÃO DO ENTARDECER (Wanderlei Falkenberg) Lucelena

CANTO DO ENCONTRO (Wanderlei Falkenberg) Jussara e Marli



DE RODEIO (Geraldo Flach) Maria de Lourdes

DOMINGO ANTIGO (Arnoldo Medeiros/Arthur Verocai) Beth Carvalho



FANTASIA URBANA (César Dorfman) César & Grupo

MINHA CHEGADA (Arthur Verocai/Paulinho Tapajós) Eduardo Conde


POR CAUSA SUA (Mauro Kwitko/Paulo Pompeu) 

QUEM VEM LÁ (Laís Aquino Marques) Laís/Silvia

RANCHO DO AMOR MOMENTO (Wanderlei Falkenberg) Lucelena

ROSINHA ROSE (João Alberto Soares) Paulo Roberto

SAMBA DO COTIDIANO (César Dorfman) César & Grupo

TÁ NA HORA (Arthur Verocai /Paulinho Tapajós) Beth Carvalho

SIM OU NÃO (Raul Ellwanger) Raul Ellwanger & Grupo

VOCÊ, POR TELEGRAMA (Laís Aquino Marques) Laís

ZÉ DO 13 (Raul Ellwanger) Raul Ellwanger e Os Redondos




3 comentários:

  1. Maravilha de Civilização Material !! Material para fazer um documentário. Valeu !!

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  2. Nossa, que informações preciosas sobre evento tão importante da música de Porto Alegre e RS. Uma pena esse material que "sumiu", pois tem um valor inestimável. Obrigado por compartilhar.

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