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DUAS HISTÓRIAS:
KAFKA E A MENINA
Há uma história do escritor Franz Kafka, que mostra um lado desconhecido do autor que já foi descrito como esquizóide, depressivo e anoréxico nervoso. Uma história de amor em que ele ajuda uma menina que perdeu uma boneca em uma praça de Berlim.
A história tem algumas versões e abaixo seguem duas delas. A primeira da terapeuta americana May Benatar, que ouviu da psicóloga e instrutora de meditação budista Tara Brach, publicada no site The Huffington Post. A outra do tradutor de Kafka, Mark Harman, como foi publicado no site The Kafka Project.
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A história de Kafka e a menina que perdeu sua boneca em Berlim, segundo May Benatar:
Certa vez Kafka encontrou uma menininha no parque onde ele caminhava diariamente. Ela estava chorando. Tinha perdido sua boneca e estava desolada. Kafka ofereceu ajuda para procurar a boneca e combinou um encontro com a menina no dia seguinte no mesmo lugar. Incapaz de encontrar a boneca, ele escreveu uma carta como se fosse a boneca e leu para a garotinha quando se encontraram. “Por favor, não se lamente por mim, parti numa viagem para ver o mundo. Escreverei para você das minhas aventuras”. Esse foi o início de muitas cartas.
Quando ele e a garotinha se encontravam ele lia essas cartas compostas cuidadosamente com as aventuras imaginadas da boneca. A garotinha se confortava. Quando os encontros chegaram ao fim, Kafka presenteou a menina com uma boneca. Ela era obviamente diferente da boneca original.
Uma carta anexa explicava: “Minhas viagens me transformaram…”. Muitos anos depois, a garota encontrou uma carta escondida na roupa da boneca substituta. Em resumo, dizia: “Tudo que você ama, você eventualmente perderá, mas, no fim, o amor retornará em uma forma diferente”.
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Versão da história de Kafka e a menina que perdeu sua boneca em Berlim, segundo Mark Harman, que acrescenta detalhes como o tempo que durou a troca de cartas e os detalhes do desfecho:
A estada de Kafka em Berlin não foi totalmente sombria. Há uma história sobre o escritor e uma menina em Steglitz. Dora Diamant conta-a ao crítico francês e tradutor Marthe Robert, e, em uma versão um pouco diferente, a Max Brod.
Enquanto caminhava num parque, Kafka e Dora conheceram uma menina que chorava porque havia perdido sua boneca. Kafka disse a ela para não se preocupar porque a boneca tinha partido em uma viagem e lhe enviara uma carta. Quando a menina perguntou desconfiada pela carta, ele disse que não estava com ele, mas que se ela voltasse no dia seguinte ele iria trazê-la.
Fiel à sua palavra, todos os dias durante três semanas, ele foi ao parque com uma nova carta da boneca. Dora enfatiza o cuidado que ele dedicou a esta tarefa auto-imposta, que era do mesmo grau que o que ele dedicava à sua outra obra literária.
Ela também comenta a dificuldade de Kafka em chegar a um final que iria deixá-lo livre e ao mesmo tempo com uma conclusão razoavelmente satisfatória para a menina.
Na vesão de Dora, Kafka conseguiu isso fazendo a boneca ficar noiva: “Ele pesquisou por um longo tempo e, finalmente, decidiu que a boneca ia se casar. Primeiro ele descreveu o jovem, o noivado, os preparativos para o casamento. Em seguida, a casa dos recém-casado.
Por causa desses “preparativos do casamento” em andamento, uma palavra que lembra o título de uma de suas primeiras histórias e sugere o grau de autobiografia fictícia que se engendrou neste envolvente conto – a boneca não poderia mais, compreensivelmente, visitar sua ex-dona. Max Brod não menciona esse final, mas escreve que antes de sair de Berlim para Praga, Kafka se certificou que a menina recebera o presente de uma nova boneca.
Esta história mostra um Kafka gentil, atencioso e compreensivo, que não é tão amplamente conhecido como o introvertido e auto-atormentando de “A Metamorfose” e “O Processo”.
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