Sexta, 24 de setembro de 2021 - parte 2



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especial

Nesta sexta, uma cesta 
de Alexandre Dumas
!


Autor de clássicos
da literatura mundial




Há favores tão grandes que só podem ser pagos com a ingratidão.


Os maridos das mulheres que nós admiramos parecem-nos sempre estúpidos.




Os amigos que perdemos não repousam na terra, estão enterrados em nosso coração.


Alexandre Dumas (pai) nasceu em Villers-Cotterêts, na região Altos da França, próxima a Paris, em 24 de julho de 1802. Era neto do marquês Alexandre Antoine Davy de la Pailleterie e de uma escrava negra, Marie-Césette Dumas. Seu pai foi Thomas Alexandre Davy de la Pailleterie, mais conhecido como General Dumas, grande figura militar de sua época.


Enquanto trabalhava em Paris, Dumas começou a escrever artigos para revistas e também peças para teatro. Em 1829 foi produzida sua primeira peça, Henrique III e sua Corte, alcançando sucesso de público. Na revolução que depôs o rei Carlos X de França e substituiu-o no trono pelo ex-patrão de Dumas, o Duque d'Orléans, que governaria com o nome de Luís Filipe de França, alcunhado de Rei Cidadão.

Até meados da década de 1830, a vida na França permaneceu agitada, com tumultos esporádicos em busca de mudanças promovidas por republicanos frustrados e trabalhadores urbanos empobrecidos. À medida que a vida retornava lentamente à normalidade, o país começava a se industrializar e, com uma economia em crescimento combinada com o fim da censura à imprensa, a vida recompensou as habilidades de escritor de Alexandre Dumas.


Após escrever mais algumas peças de sucesso, passou a se dedicar aos romances. Apesar de ter um estilo de vida extravagante e sempre gastar mais do que ganhava, Dumas provou ser um divulgador astuto. Com a alta demanda dos jornais por romances seriados, em 1838 simplesmente reescreveu uma de suas peças para criar sua primeira série em romance. Intitulada O Capitão Paulo (em francês Le Capitaine Paul) levou-o a criar um estúdio de produção que lançou centenas de histórias, todas sujeitas à sua apreciação pessoal.


Em 1840 casou-se com uma atriz, Ida Ferrier, mas continuou a manter seus casos com outras mulheres, sendo pai de pelo menos três filhos fora do casamento. Um desses filhos, que recebeu o seu nome, seguiria seus passos na carreira de novelista e escritor de peças teatrais. Por causa do mesmo nome e da mesma profissão, para distinguir um do outro, um é chamado Alexandre Dumas pai (Alexandre Dumas, père) e o outro Alexandre Dumas, filho (em francês, Alexandre Dumas, fils).

Alexandre Dumas, pai, escreveu romances e crônicas históricas com muita aventura que estimulavam a imaginação do público francês e de outros países nos idiomas para os quais foram traduzidos. Alguns destes trabalhos foram:

O Conde de Monte Cristo

Os Irmãos Corsos

Os romances de D'Artagnan:


Os Três Mosqueteiros (Les Trois Mousquetaires, 1844)

Vinte anos depois (Vingt Ans Après, 1845)


O Visconde de Bragelonne (Le Vicomte de Bragelonne, 1847) - (do qual faz parte O Homem Com a Máscara de Ferro)

Os romances Valois:

A Rainha Margot (1845)

A Dama de Monsoreau (1846)

Os Quarenta e Cinco (1847)

Memórias de um Médico

Joseph Balsamo (1849)

O Colar da Rainha (1850)

A Tulipa Negra (1850)

Ange Pitou (1851)

A Condessa de Charny (1853)

O Cavaleiro de Maison-Rouge (1854)

O Castelo de Eppstein


Memórias de Garibaldi (1860)



Seu trabalho como escritor lhe rendeu muito dinheiro, porém Dumas vivia endividado por conta de seu alto gasto com mulheres e de seu estilo de vida. O grande e dispendioso château que construiu estava constantemente cheio de pessoas estranhas que se aproveitavam de sua generosidade.

Com a deposição do rei Luís Filipe após uma revolta, não foi visto com bons olhos pelo presidente recém-eleito, Napoleão III, e em 1851 Dumas teve que ir embora para Bruxelas para fugir de seus credores. Dali viajou à Rússia, onde o francês era a segunda língua falada e suas novelas também eram muito populares.

Dumas passou dois anos na Rússia antes de se mudar em busca de aventuras e inspiração para mais histórias. Em março de 1861, o reino da Itália foi proclamado, com Vítor Emanuel II como rei. Nos três anos seguintes, Alexandre Dumas se envolveria na luta pela unificação da Itália, retornando a Paris em 1864.


Sepultado no local onde nasceu, o corpo de Alexandre Dumas ficou no cemitério de Villers-Cotterêts até 30 de novembro de 2002. Sob as ordens do presidente francês Jacques Chirac, seu corpo foi exumado e, numa cerimónia televisiva, seu novo caixão, carregado por quatro homens vestidos como os mosqueteiros Athos, Porthos, Aramis e D'Artagnan, foi transportado em procissão solene até o Panteão de Paris, o grande mausoléu onde grandes filósofos e escritores da França estão sepultados.


Em seu discurso, o presidente Chirac disse: "Contigo, nós fomos D'Artagnan, Monte Cristo ou Balsamo, cavalgando pelas estradas da França, percorrendo campos de batalha, visitando palácios e castelos -- contigo, nós sonhamos." Numa entrevista após a cerimônia, Chirac reconheceu o racismo que existiu, dizendo que um erro agora foi reparado, com o sepultamento de Alexandre Dumas ao lado dos companheiros autores Victor Hugo e Voltaire.




A honraria reconheceu que, apesar de a França ter produzido vários grandes escritores, nenhum deles foi tão lido quanto Alexandre Dumas. Suas histórias foram traduzidas em quase 100 idiomas e inspiraram mais de 200 filmes.



Nos negócios não existem amigos, apenas clientes.





Em política, meu caro, sabe tão bem quanto eu, não existem homens, mas ideias; não existem sentimentos, mas interesses; em política, ninguém mata um homem: suprime-se um obstáculo. ponto final.



Durante o ano de 1865, viajou para a Áustria e Hungria. Voltou à Itália em 1866 e, em 1867, foi visto e fotografado com sua amante Adah Menken (1835-1868), uma atriz, pintora e poetisa americana. O romance gerou escândalo, principalmente devido à diferença de idade entre eles. Nesse mesmo ano, o romancista retornou à Alemanha. Três anos depois, viajou para a Espanha e depois se mudou para a vila onde morava seu filho, o também escritor Alexandre Dumas Filho (1824-1895), perto de Dieppe, onde morreu, em 5 de dezembro de 1870.



Para todos os males, há dois remédios: o tempo e o silêncio.




Faça sua ausência ser forte o suficiente para que alguém sinta a sua falta, mas cuide para que essa ausência não se torne longa ao ponto desse alguém descobrir que pode viver sem você.





O Conde de Monte Cristo

A história: Fernand Mondego não consegue mais suportar a inveja que possui de Edmond Dantes, por este possuir uma belíssima mulher. Influente, acaba fazendo com que Dantes, um homem pobre e honesto, seja acusado de traição e assassinato, indo parar em uma prisão ilhada e isolada do mundo. Dantes, ao longo dos anos que fica preso, vai perdendo a fé em Deus, até que encontra um padre que também estava preso e tinha um plano de fuga. Ele então escapa da prisão cheio de ódio e sedento por vingança.

Capítulo 88: O insulto


À porta do banqueiro, Beauchamp deteve Morcerf.

- Escute - disse-lhe -, há pouco sugeri-lhe em casa do Sr. Danglars que era ao conde de Monte-Cristo que devia pedir uma explicação.

- É verdade e vamos para sua casa.

- Um momento, Morcerf. Antes de irmos a casa do conde, reflita.

- Em que quer que reflita?

- Na gravidade da diligência.

- É mais grave do que vir a casa do Sr. Danglars?

- É. O Sr. Danglars é um argentário, e como não ignora, os argentários sabem muito bem o capital que arriscam e não se batem facilmente. O outro, pelo contrário, é um gentil-homem, na aparência, pelo menos; mas não receia encontrar um valente debaixo da capa do gentil-homem?

- Só receio uma coisa: encontrar um homem que se não bata.

- Oh, a esse respeito esteja tranquilo! - declarou Beauchamp. - Esse bater-se-á. Temo até uma coisa: que se bata demasiado bem. Acautele-se!

- Amigo, isso é tudo o que peço - redarguiu Morcerf com um belo sorriso. - Nada me pode tornar mais feliz do que ser morto por meu pai; isso salvar-nos-á a todos.

- Mas isso será a morte de sua mãe!

- Pobre mãe, bem o sei! - suspirou Albert, passando a mão pelos olhos. - Mas mais vale que morra por isso do que de vergonha.

- Está realmente decidido, Albert?

- Estou.

- Vamos então! Mas acha que o encontraremos?

- Ele devia regressar algumas horas depois de mim e certamente regressou.

Meteram-se na carruagem e mandaram seguir para a Avenida dos Campos Elísios, n.º 30

Beauchamp queria descer sozinho, mas Albert observou-lhe que como o caso saia das regras habituais lhe permitia afastar-se da etiqueta do duelo.

O jovem agia em tudo aquilo por uma causa tão sagrada que Beauchamp nada mais tinha a fazer do que submeter-se a todos os seus desejos. Cedeu portanto a Morcerf e limitou-se a acompanhá-lo.

Albert transpôs apenas de um salto a distância que ia do cubículo do porteiro à escadaria. Foi Baptistin quem o recebeu.

Efetivamente, o conde acabava de chegar, mas estava a tomar banho e proibira que se recebesse quem quer que fosse.

- Mas depois do banho? - perguntou Morcerf.

- O senhor jantará.

- E depois do jantar?

- O senhor dormirá uma hora.

- E em seguida?

- Em seguida irá à ópera.

- Tem a certeza? - perguntou Albert.

- Absoluta. O senhor pediu os seus cavalos para as oito horas precisas.

- Muito bem, era tudo o que queria saber - declarou Albert.

Depois, virando-se para Beauchamp, disse-lhe:

- Se tem alguma coisa a fazer, Beauchamp, faça-a imediatamente, e se tem algum encontro marcado para esta noite, adie-o para amanhã.


...


Capítulo 107: O covil dos leões


Uma das secções da Force, aquela que encerra os presos mais comprometidos e perigosos, chama-se o Pátio de S. Bernardo.

Na sua linguagem pitoresca, os presos deram-lhe o nome de Covil dos Leões, provavelmente porque os reclusos têm dentes que mordem muitas vezes as grades e não raro os guardas.

É uma prisão dentro da prisão; as paredes têm o dobro da espessura das outras. Todos os dias um carcereiro verifica cuidadosamente as grades maciças, e reconhece-se pela estatura hercúlea e pelo olhar frio e penetrante dos guardas que foram escolhidos para reinar sobre o seu povo pelo terror e pela rapidez dos reflexos.

O pátio da secção está rodeado de muros altíssimos sobre os quais desliza obliquamente o sol quando se decide a penetrar naquele abismo de fealdades morais e físicas. E ali, no pavimento empedrado, que desde a alvorada vagueiam, pensativos, assustados, pálidos, como sombras, os homens que a justiça mantém curvados sob o cutelo que afia.

Vêem-nos encostar-se e agachar-se ao longo do muro que absorve e retém mais calor, e ficarem para ali, conversando dois a dois, ou, na maioria dos casos, isolados, com o olhar constantemente atraído para a porta, que se abre a fim de chamarem algum dos habitantes do lúgubre recinto ou lançarem no abismo mais escória expelida pelo cadinho da sociedade.

O Pátio de S. Bernardo tem o seu parlatório particular.

Trata-se de um quadrilátero grande, dividido em duas partes por outros tantos gradeamentos colocados paralelamente a três pés um do outro, de forma que o viajante não possa apertar a mão ao preso ou passar-lhe qualquer coisa. O parlatório é sombrio, húmido e sob todos os aspectos horrível, sobretudo se pensarmos nas espantosas confidências que têm passado por aquelas grades e enferrujado o ferro dos varões.

Mesmo assim, por mais horrível que seja, o local é o paraíso onde vêm retemperar-se numa companhia desejada, apreciada, os homens que têm os dias contados. É tão raro sair-se do Covil dos Leões para qualquer outro lado que não seja a Barreira de Saint-Jacques, as galés ou a prisão celular!

No pátio que acabamos de descrever, e onde imperava uma humidade fria, passeava de mãos nas algibeiras um rapaz observado com muita curiosidade pelos habitantes do Covil.

Passaria por um homem elegante, graças ao corte da sua indumentária, se essa indumentária não estivesse em farrapos, embora tal estado se não devesse ao uso. Na verdade, o tecido, fino e sedoso nos sítios intactos, recuperava facilmente o lustro debaixo da mão acariciadora do preso, que procurava transformá-lo num fato novo.


...


Capítulo 116: O Perdão


No dia seguinte, Danglars voltou a ter fome, o ar daquela caverna abria o apetite. Naquele dia, porém, o prisioneiro julgou que não teria de fazer qualquer despesa, pois, como um homem económico, escondera metade do frango e um naco de pão num canto da cela.

Mas, mesmo sem comer, teve sede, coisa com que não contara. Lutou contra a sede até sentir a língua ressequida pegar-se-lhe ao céu-da-boca. Então, não podendo resistir mais ao fogo que o devorava, chamou.

A sentinela abriu a porta; era uma cara nova. Pensou que era preferível tratar com um antigo conhecido e chamou Peppino.

- Aqui me tem, Excelência - disse o bandido, apresentando-se com uma rapidez que pareceu de bom augúrio a Danglars. - Que deseja?

- Beber - respondeu o prisioneiro.

- Excelência, como sabe, o vinho é caríssimo nos arredores de Roma... - observou Peppino.

- Então dê-me água - pediu Danglars, procurando aparar a estocada.

- Oh, Excelência, a água ainda é mais rara do que o vinho! Tem estado uma tal seca!...

- Pronto, vamos recomeçar, ao que parece... - disse Danglars para consigo.

E embora sorrindo para ter o ar de gracejar, o desgraçado sentia o suor umidecer-lhe as têmporas.

- Então, meu amigo - disse Danglars, vendo que Peppino permanecia impassível -, só lhe peço um copo de vinho; será capaz de mo recusar? - Já lhe disse, Excelência - respondeu gravemente Peppino -, que não vendíamos a retalho.

- Nesse caso, dê-me uma garrafa.

- De qual?

- Do menos caro.

- São todos do mesmo preço.

- E qual é o preço?

- Vinte e cinco mil francos a garrafa.

- Será melhor dizerem que me querem arrancar a pele e acabarem depressa com isto do que devorarem-me assim, pedaço a pedaço! -protestou Danglars com uma amargura que só Harpagão seria capaz de notar no diapasão da voz humana.

- É possível - admitiu Peppino - que seja esse o projecto do chefe.

- Quem é o chefe?

- Aquele à presença de quem o conduziram anteontem.

- E onde está ele?

- Aqui

- Gostaria de lhe falar.

- É fácil.

Pouco depois, Luigi Vampa estava diante de Danglars.

- Chamou-me? - perguntou ao prisioneiro.

- O senhor é que é o chefe das pessoas que me trouxeram para aqui?

- Sou, sim, Excelência.

- Que resgate deseja de mim? Fale.

- Apenas os cinco milhões que traz consigo.

Danglars sentiu um espasmo horrível apertar-lhe o coração.

- Só tenho isso no mundo, senhor, e é o resto de uma enorme fortuna. Se mo tirar, tira-me a vida.

- Estamos proibidos de derramar o seu sangue, Excelência.


...


Capítulo 117: O 5 de Outubro

Morrel soltou um grande grito e delirante, cheio de dúvidas, mas deslumbrado como que por uma visão celeste, caiu de joelhos.

No dia seguinte, ao amanhecer, Morrel e Valentine passeavam de braço dado na margem. Valentine contou a Morrel como Monte Cristo aparecera no seu quarto, como lhe revelara tudo, como lhe fizera tomar conhecimento do crime e finalmente como a salvara miraculosamente da morte conseguindo que tudo fizesse crer que estava de facto morta. Tinham encontrado aberta a porta da gruta e saído; no céu brilhavam no azul matinal as últimas estrelas da noite. Então Morrel viu na penumbra de um grupo de rochedos um homem que esperava um sinal para avançar e indicou esse homem a Valentine.

- É Jacopo, o comandante do iate - disse ela. E chamou-o com um gesto.

- Tem alguma coisa para nos dizer? - perguntou Morrel.

- Devo entregar-lhes esta carta da parte do conde.

- Do conde?... - murmuraram os dois jovens.

- Sim, leiam.

Morrel abriu a carta e leu: Meu caro Maximilien:

Há um falucho ancorado à disposição de ambos. Jacopo levá-los-á a Liorne, onde o Sr. Noirtier espera a neta para a abençoar antes de ela o acompanhar ao altar. Tudo o que se encontra nessa gruta, meu amigo, bem como a minha casa dos Campos Elíseos e o meu palacete de Trépor, são o presente de casamento de Edmond Dantès ao filho do seu patrão Morrel. Mademoiselle de Villefort poderá ficar com metade, pois suplico-lhe que dê aos pobres de Paris toda a fortuna do lado do pai, que enlouqueceu, e do lado do irmão, falecido em Setembro último juntamente com a mãe. Diga ao anjo que vai velar pela sua vida, Morrel que reze algumas vezes por um homem que, qual Satanás, se julgou por momentos igual a Deus e que reconheceu, com toda a humildade de um cristão, que só nas mãos de Deus se encontram o poder supremo e a infinita sabedoria. Talvez essas preces suavizem o remorso que ele traz no fundo do coração. Quanto a si, Morrel, aqui tem todo o segredo da minha conduta para consigo: não existe felicidade nem infelicidade neste mundo, existe apenas a comparação de um estado com outro e mais nada. Só aquele que experimentou o extremo infortúnio se encontra apto a experimentar a extrema felicidade. É necessário ter querido morrer, Maximilien, para saber como é bom viver. Vivam pois e sejam felizes, filhos queridos do meu coração, e nunca esqueçam que até ao dia em que Deus se dignar desvendar o futuro ao homem, toda a sabedoria humana residirá nestas palavras: Esperar e ter esperança!

Seu amigo, Edmond Dantès, Conde de Monte Cristo.

 



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