Segunda Especial, 21 de dezembro de 2015





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Histórias de Verão - 1


HERDEIRO DE MILIONÁRIO QUER
DEBUTAR NUM CLUBE DE PORTO ALEGRE







É o desejo de um guri, que em junho faz 15 anos. Ele quer debutar num dos três clubes em que sua família é associada, em Porto Alegre. Mais: o adolescente quer usar um vestido exclusivo do estilista Rui Sphor.
O pai é um conhecido milionário da cidade e seguidamente é entrevistado pelas rádios e TVs. Ralou muito, honestamente, para construir sua fortuna, estimada em meio bilhão de reais. É casado há 20 anos com uma bela mulher e tem dois filhos: uma guria, de 18 anos, que estuda nos Estados Unidos, e de um guri, que estuda num tradicional colégio da capital gaúcha. Desde muito pequeno, gostava de brincar com as bonecas da irmã e jamais teve aptidão para jogar futebol - o pai, conselheiro de um grande clube de futebol, tentou colocá-lo na escolinha, aos 10 anos, mas o menino tinha crises de choro antes de sair de casa.
O milionário tinha pretensões políticas, mas está muito desiludido com sua vida familiar, especialmente com seu filho. Com formação tradicional, de uma típica família alemã, ele não admite o filho fazer vestibular para uma faculdade de designer de moda, ter como ídolo o Luan Santana e falar "em falsete", como diz. Agora, está insistindo em debutar e já avisou à família que vai "sumir no mundo" se o seu desejo não se concretizar. Pode ser num dos três clubes em que são associados, junto a todas as meninas. Uma festa de debutantes, tradicional, e ele com um vestido rosa ou branco.
"Quero ser apresentado a sociedade como sou", afirma.
A mãe está internada numa clínica "de repouso".
A irmã avisou que não virá a Porto Alegre neste ano.
Os avós, paternos e maternos, comunicaram ao casal que estão apenas aguardando o fim dos dias.
O pai?
Depois conto.

-

Na mansão, de 1.200 metros quadrados, próximo ao Country Club, o empresário está morando apenas com o filho e cinco empregados. Pensou muito, durante três dias. Chamou o filho-debutante e propôs:
- Guri, sei que estás determinado. Queres debutar e ponto.
- Isso, papi.
- Não me chama de papi, porra!!
- Ai!
- Tenho uma proposta pra te fazer e se não topares pode te mandar. Pode sair pelo mundo, como tu já disse.
- Sou todo ouvidos, caras e bocas!
- Cara, pelo menos uma vez conversa como homem!
- Si, papá.
- Tu não tem  jeito, mesmo.
Acalmou-se:
- Vou conseguir uma nova carteira de identidade para ti. Tu vais virar uma guria, em alguns momentos.
- O quê?
- Cala a boca! Essa guria vai se chamar Rosângela, uma  maloqueira que resolvi adotar. Tu continuas sendo isso aí mesmo. A Rosângela vou apresentar para todos os nossos amigos, parentes e, antes, vou levar a guria para a madrasta conhecer. Aí quando tu chegas em casa, no colégio, em tudo que é lugar tu continuas fingindo que é homem.
- Papi, que ideia genial!! Eu quero, papi, eu quero ser uma menina! Nem me importo de ter que disfarçar, como um rapazinho. Mas a Rô não vai estudar?
- Neste ano, não. Vai ser um ano de adaptação à nova vida.

-

Na empresa o pai desesperado tem vários funcionários que fazem qualquer negócio por ele.
- Rapaz, quero que tu consigas uma carteira de identidade, CPF, no nome desta pessoa. Pega esse papel e some. Ah, se tiver uma certidão de nascimento melhor ainda. Cuida bem as datas, os nomes dos pais, o dia do nascimento.
- Patrão, o senhor é o pai dessa moça?
- Cala a boca e vai. Gasta o que precisar. Quero tudo perfeito.
No mesmo dia, ele participou de dois programas de debates e anunciou que iria adotar uma guria, abandonada pelos pais e moradora de rua. Recebeu muito elogios.
Chegou tarde em casa. Tirou a roupa na sala e atirou-se numa poltrona depois de ligar a TV.
Não conseguiu descansar 10 minutos.
Levou um susto e saltou:
- O que é isso?
E o filho:
- A Rô chegou!
- Como assim, quem é Rô? Será que o meu filho foi curado e trouxe uma mulher pra dentro de casa?
- Papi, sou eu, seu filhinho querido!
- Meu Deus, guri! Tu me enganou! Pensei que fosse mesmo uma guria!!
- É, papi, por isso que disse que a Rô chegou, a sua filha adotiva.

-


Em casa, o guri sempre estava travestido de Rosângela. Quando saía, em compensação, seus trejeitos, que tanto irritavam o pai, diminuíram consideravelmente. Um guri como qualquer outro adolescente.
Foram levando a vida e o pai até gostava de conversar com a Rosângela.
Quando chegava em casa à noite, era recebido pela guria:
- Boa noite, meu novo papai!
- Boa noite, querida Rô!

-

Até que chegaram os documentos da Rosângela.
Tudo perfeito.
De noite eles combinaram o que fazer.
O pai não foi ao escritório. Resolveu passear com a Rô num shopping.
Ficou orgulhoso. Por onde passavam, homens, de todas as idades, olhavam para ela. Até as mulheres a admiravam. Almoçaram num restaurante da moda e repetiu-se o sucesso.
Depois foram nos três clubes, recebidos pelos presidentes, já que ele anunciou que estaria lá em determinada hora.
Jantaram em outro restaurante da moda. Mais sucesso.

-

No outro dia de manhã foram na clínica "de repouso" onde a mãe estava.
A mulher teve um ataque quando viu o filho/Rô. Aplicaram-lhe uma injeção. O diretor da clínica informou, formalmente, que a volta dela para casa estava cada vez mais difícil, porque os distúrbios eram cada vez mais constantes.
À tarde foram a dois programas de TV e em um de rádio. O bom empresário apresentou a sua filha adotiva, seu "novo orgulho".
Sucesso total.

--

Passado um tempo, o pai chamou aos gritos a sua "filha":
- ROSÂNGELA! ROSÂNGELA!!
Ele/ela aparece enrolada numa toalha.
- O que foi, papi?
- Vou te dizer uma coisa muito importante.
- Diz, papi.
- Rosângela, minha Rô. Estou perdidamente apaixonado por ti.
Ela coloca as mãos na cabeça e a toalha cai.
O corpo do guri estava nu.
E ele:
- Mas não precisava ter isso aí, acima das tuas pernas! Com tiquinho e saco, NÃO!!
- Mas, papi, eu sou menino. Esqueceu?
- Pois é, mas a gente podia dar um jeito nisso. Podemos ir para a Tailândia ou Sérvia para que faças a cirurgia de troca de sexo. E aí damos um jeito para que o meu filho suma no mundo.
Finaliza:
- Aí vivemos juntos para sempre.
O guri sorriu.



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