Sexta, 18 de dezembro de 2015 - parte 2




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mundo moderno

GOURMETIZARAM ATÉ
AS FESTAS INFANTIS


O texto é do jornalista Flávio Dutra (http://viadutras.blogspot.com.br/) e está dentro do espírito do que publiquei hoje de manhã, "HOJE, AS CRIANÇAS NÃO TÊM PRAZER".
Leia:

Sou do tempo em que festa infantil era regada a Q-Suco sabor groselha e pizza daquelas altas, feitas em casa, com cobertura de sardinha ou tomate. Os tempos mudaram e agora até aniversário de criança, e não interessa a idade, ganhou sofisticação nos acepipes oferecidos aos convidados. A carta de bebidas inclui vários tipos de refrigerantes e sucos, mais os líquidos de diversas graduações alcoólicas para os adultos poderem acompanhar, quase anestesiados, a algazarra da petizada.

Admito que curto muito tais eventos, especialmente quando a cerveja está bem gelada e não é da marca Promoção. Só que o pessoal que organiza as festinhas começou a exagerar. Empresas de eventos são contratadas, espaços especiais são ornamentados com o tema escolhido, cerimonialistas chamadas para por ordem no ritual que deveria ser simples, e não pode faltar uma atração circense, normalmente um palhaço gritão acompanhado de uma palhacinha bem fornida, que chama mais a atenção dos papais do que das crianças.

Como já disse o pessoal está exagerando e agora gourmetizaram até as guloseimas para a criançada. Outro dia me chegou as mãos um Menu com verdadeiras preciosidades alimentares da festa de primeiro aniversário de uma menina, graciosa bonequinha. Começava com “Snacks Saudáveis”, a saber: espetada caprese, palitos vegetais com molho de Iogurte, wrap (tipo de sanduíche enroladinho) de acelga, dados de pernil com abacaxi, sempre com a advertência se continha ou não lactose. Neste caso, ponto para os pais.

Na sequencia, vieram os “Churrasquinhos”, a parte mais convencional e não menos deliciosa da comilança, e, por fim, a seção das “Comidinhas”, com destaque para as folhas verdes com vinagrete de laranja e o Salpicão da Mamãe. De dar água na boca e nó na cabeça. O bom e honesto cachorro quente e os tradicionais “negrinhos” ficaram na saudade.

Se até as festas infantis entraram no padrão da pós modernidade gastronômica vou me obrigar a aderir aos modismos, da mesma forma que faço um esforço para acompanhar a comunicação digital. Não quero virar um dinossauro por antecipação, nem receber a acusação de ser um despossuído à mesa.  Assim vou poder fazer frente ao mais espetacular cardápio que já tive acesso, composto de uma entrada de “tranche de hagiki crocante com palmitos pupunha assados e creme de cabocham”, com o prato principal de “mignon bovino com roti de ossobuco, brie, chip’s de poró e spatize all triplo burro”, fechando com  a magnífica sobremesa de “pêssegos californianos assados com especiarias, fondue au chocolate e tuile de amêndoas”.

Estou pensando em me fazer acompanhar de um tradutor no próximo jantar festivo.



Um comentário:

  1. Beleza esta crônica do Fávio Dutra sobre as festas infantis "fashion". Mas tem um lado bom, Fávio: eu sempre detestei estas festinhas porque era uma zorra, com crianças correndo e berrando por todo lado. Para os adultos, cerveja e cachorro quente, e olhe lá. Agora não: você pode beber um bom vinho, os petiscos são supimpas e a criançada fica num ambiente à parte, controlada por por um batalhão de cuidadoras. Todo mundo se diverte!

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