Segunda Especial, 28 de dezembro de 2015





HORÁRIO DE VERÃO

Atualizado diariamente até às 10 horas.
Eventualmente, à tarde, notícias urgentes.



Escreva apenas para

jlprevidi@gmail.com

previdi@outlook.com


Ou





Nesta quarta,
dia 30,
a maior honraria
do RS


Prêmio
Prévidi
-2-




mundo legal


Histórias de Verão - 3


ITALIANOS DE BOMBINHAS


Antes, confere:




Alguns jornalistas já exerceram todas as funções em rádios, TVs e jornais. Raríssimos com a competência do Rogério Mendelski, hoje na Rádio Guaíba e colunista dominical do Correio do Povo. Um de seus grandes amigos é o também jornalista Adroaldo Streck.
Os dois são protagonistas desta fantástica história.






O jornalista e ex-deputado federal Adroaldo Streck tem um hobby que ele faz questão de cultivar e aprimorar: descobrir as origens de pessoas com sobrenomes estrangeiros. Estávamos em Bombinhas, em janeiro de 1985, nos preparando para uma cobertura importante em Brasília, a eleição de Tancredo Neves pelo Colégio Eleitoral.
Numa caminhada pela única rua do balneário – Bombinhas ainda era um paraíso quase desconhecido do turismo predatório – passamos pela frente de uma casa comercial cuja identificação estava nas grandes letras pintadas na parede lateral. Era o Supermercado Veratoni.
Streck logo se interessou pelo nome do supermercado e foi me dizendo: “Acho que esse sobrenome é da região italiana do Vêneto”.
E passou a me desfiar o seu conhecimento da corrente migratória de italianos que aportou por aqui a partir de 1874. Citou-me os nomes de diversas famílias que chegaram ao Sul do Brasil e foi me dizendo que também nessa região de Santa Catarina havia uma forte presença de descendentes que vieram da Itália.
Sugeri a ele que como não estávamos fazendo nada, entrássemos no supermercado e perguntássemos se a família Veratoni era mesmo originária da região do Vêneto. Algo rigorosamente inútil, mas curioso, de quem não tem mesmo outra coisa a fazer naquela tarde de meio de semana.
Havia uma senhora no caixa do supermercado e o próprio Streck, educadamente, se aproximou e eu vi e ouvi o diálogo abaixo.
- Por gentileza, eu poderia falar com o proprietário?
- Senhor, eu sou a esposa do proprietário.
- Tenho curiosidade para saber a origem do sobrenome Veratoni. Estou em dúvida se os Veratoni são da região italiana do Vêneto.
Sem entender muito bem a pergunta, a senhora respondeu sorrindo:
- Não senhor. Veratoni é porque eu me chamo Vera e o meu marido Toni. Somos daqui mesmo de Santa Catarina.

-


mundo legal


Histórias de Verão - 4


PIMENTÃO DE PINHAL


Essa é minha, mesmo.


Não consigo me lembrar o motivo, mas nos anos 70 gostava muito de ir a Pinhal, a praia oceânica mais próxima de Porto Alegre. O curioso é que não conhecia ninguém que tivesse casa por lá e nem mesmo meus amigos me acompanhavam. Ia sozinho e ficava num hotel chamado Estrela do Mar.
O hotel era muito simples, todo de madeira, os quartos eram limpinhos, mas sem banheiro – apenas uma pia que, nas madrugadas, servia para o xixi. Servia café da manhã, almoço e jantar, incluídos na diária. TV só assistia durante as refeições. Num desses finais de semana soube, estarrecido, que um dos meus maiores ídolos, Erico Verissimo, tinha falecido. Era 1975.
Levava livros e as revistas da semana e os jornais alternativos. Numa época ia com telas, tintas e pinceis para “descarregar a criatividade”. No meio da madrugada a luz era desligada.
Gostava dali. Poderia ir a Cidreira, bem maior e com muitos barzinhos. Não, ficava por lá mesmo.
Por duas vezes, um primo, como se fosse um irmão, José Antônio, foi comigo. Na primeira vez, no sábado, tinha um baile no clube. Fomos e tomamos todas. Quando a coisa estava animada e nós prontos para começar a dançar, apagaram a luz da cidade. Um breu. Só nos restava voltar ao hotel e dormir.
Acordei na madrugada com uma das maiores dores de barriga da minha vida. Não é vergonha nenhuma dizer que chorava e a cada “retorcida” na região da barriga, eu segurava um grito. O que fazer? Fiquei até clarear naquele sofrimento. Às vezes, eu falava “ai, Zé!!” e ele me pedia, rindo: “Para de dizer isso, o que vão pensar as pessoas nos outros quartos?”.
Eu não conseguia rir.
Na outra vez, o Zé Antônio levou uma namorada. Eu já estava lá quando eles chegaram no domingo, cedo. Tomamos o café e fomos para a praia. Um dia de cinema – sem vento e sem nuvens. A água estranhamente estava azulada. Ficamos naquela vida, sem guarda-sol, tomando cerveja. Nos revezávamos para buscar a gelada no hotel.
Lá pelas 4 da tarde, quando deu fome, fomos tomar banho para procurar alguma coisa para comer. É bom sempre lembrar que naquele tempo não existia protetor solar. Só os bronzeadores. Pois bem, eu não estava vermelho. Era um roxão só, dos pés ao rosto.
Como estava atrolhado de cerveja não senti nada.
Pegamos o ônibus e quando desci na esquina de casa – avenida João Pessoa com Venâncio Aires – as pessoas paravam para me olhar. De boca aberta.
Baixei a cabeça e fui célere para casa, onde me exilei por dez dias.




3 comentários:

  1. "Turismo predatório".

    Ué, mas não eram os "ecochatos" uns "biodesagradáveis".

    Previdi "ecochato", hahahahahha.

    Agradece depois a rapaziada que protesta e tu tanto critica por ainda haver só casas em imbé, praias maravilhosas como Rosa e Guarda, etc.

    Forte abraço e menos ranço com os protestos em 2016.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Será que é difícil de entender que o texto que fala em "turismo predatório" é do Rogério Mendelski?
      Dá uma olhada, de novo, e confirma.
      Tem que ler direitinho, Claudemir. Ou estás sugerindo que eu tenho que censurar o cara?

      Excluir
  2. Streck foi um dos piores votos q dei em minha vida toda...lamentavel, quando entao ele foi a tribuna levando alface,tomate,pepinos etc...e mostrar como estava facil comprar...LAMENTAVEL...mesmo era trabalhista e foi para o PSDB, pelo carguinho de Presidente uma empresa de energia aqui em P.Alegre.- jader martins.-

    ResponderExcluir