Ferro e Mais Ferro - 19 de julho

 É preciso olhar por nossas crianças
Mônica Leal - http://monicalealrs.blogspot.com/


Vejo com grande preocupação a questão da infância e da adolescência em nosso país e não é de hoje que assistimos essa geração ser atingida pela marginalidade e pela desesperança. É importante registrar que a violência acontece nesse meio, transforma perigosamente nossas crianças e jovens, tanto em agressores como em vítimas precoces deste processo desenfreado que são as drogas, a prostituição e o crime. O amparo adequado na primeira infância é, sem dúvida, o fator determinante para a formação do ser humano; isso irá nortear a conduta correta em sua vida.
E entre os maiores problemas com que nos deparamos está a crescente prostituição infantil e o turismo sexual. O mais grave disso é que meninas recém entrando na puberdade são utilizadas para essa exploração, sendo até prática comum nas ruas das cidades brasileiras. A Organização das Nações Unidas (ONU) estima que no Brasil, 5 milhões de crianças morem nas ruas. O governo Federal refuta o número, as organizações não-governamentais também, e o IBGE não tem os dados, pois só contabiliza pessoas em domicílios. Projeta-se que o número de meninas brasileiras apanhadas nessa modalidade oscila entre 100 mil e 500 mil. Essas informações não tão precisas, nos mostram claramente o descontrole público nessa questão.
Com isso, a primeira coisa que nos chama atenção é que essa exploração do sexo e o tráfico de crianças, bem como as situações de abandono e vulnerabilidade, têm ligação direta com a exclusão social e a pobreza, que aumentam assustadoramente no Brasil. A precocidade em que o abuso sexual ocorre no Brasil é um dado alarmante. Li um artigo da professora Eva Faleiros, da Universidade de Brasília (UnB), que coordenou uma pesquisa com 40 casos de abuso sexual na infância e as conclusões foram preocupantes: revelou que 69,1% das crianças abusadas tem menos de 11 anos. E, em 27,3% dos casos, elas tem 0 e 6 anos. Outro dado relevante que a pesquisa confirmou é que as estatísticas nacionais e internacionais de que a violência contra crianças e adolescentes é praticada basicamente por familiares ou pessoas conhecidas.  Lamentavelmente, a criança que passa por essa situação constrangedora, será o jovem de amanhã, marcado pela tragédia, e, com raríssimas exceções, conseguirá superar essa barreira sem dificuldades ou danos em sua vida pessoal e profissional.
A miséria que assola o país aumenta o contingente de crianças sem lares, que perambulam pelas ruas, morando em praças, a mercê de toda a sorte, tornando-se alvo de malfeitores e aliciadores. Qual o futuro que terá uma criança sem lar, família, educação, saúde e sem o amparo dos órgãos públicos?
É preciso que os governantes, em seus projetos – que sejam efetivamente colocados em prática - incluam como prioridade o investimento na primeira infância.
Acredito que o primeiro passo para resolver a questão seria a reimplantação de escolas de tempo integral, onde a criança receba amplo atendimento nas suas necessidades básicas em diversas áreas do segmento social: alimentação, lazer e recreação, educação e saúde. É fundamental investir nas crianças, somente desta forma é que uma nação terá futuro.

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