Segunda, 18 de julho de 2011 - parte 5

Duas opiniões

Vestígios de uma manhã qualquer
Glauco Fonseca


Acordei na sexta-feira passada ouvindo no rádio jornalistas indignados com atos de vandalismo praticados contra algumas lixeiras novinhas espalhadas pela prefeitura de Porto Alegre. Ao ouvir o velho e surrado tom “indignado”, típico de jornalistas cansados e sem assunto, lembrei-me de uma passagem singela de minha vida de marqueteiro de telefonia. Num determinado momento, inquieto com o prevalecimento das pessoas contra os inocentes orelhões, logo imaginei uma campanha daquelas bem emocionais, pra ganhar prêmio. No roteiro, um cara que teria seu cachorro beirando a morte, sofria porque o orelhão defronte sua casa estava depredado e o veterinário não podia ser acionado. Depois de tudo, viria a mensagem “Cuide de seu telefone público, você ainda pode precisar dele”. Os gerentes da área de telefonia pública pularam e me pediram pra esquecer o assunto, mostrando números incríveis que provavam que quanto mais se falasse em vandalismo, mais os pobres dos orelhões sofriam. Calei minha boca na hora. Pensei, por fim, “era bom alguém pedir pra os ilustres jornalistas arranjarem outro assunto, senão pode aumentar o vandalismo”.
Troquei de estação e lá estava meu parente distante, o velho e insuperável viamonense (nem tão velho), contando o caso da empresa de lombadas de Vera Cruz e seus alegados enormes prejuízos, atuais e futuros, com a tal operação do DAER. Meu palpite, desde o início, era de que a tal força-tarefa não daria em nada e fiquei a imaginar os esforços editoriais imensos que foram empregados para escancarar a medonhagem. Concluí que se cometem injustiças também com os que chafurdam atrás de...justiça.
Nosso estado anda meio estranho ultimamente. Coisas se misturando, funções se confundindo. Até já escrevi a respeito. Polícia é polícia, juiz é juiz, jornalista é jornalista. Se uma destas parcelas se achar maior do que a outra, se empresas de comunicação se considerarem instituições republicanas (só que privadas), vamos repetir as injustiças, regulamentar a impunidade e ter de criar o “Bolsa Mico” com cartão magnético e tudo. Ainda sobre o DAER, meu pitaco é deixar assim mesmo. Vamos agora deixar o seu Eliseu ganhar algumas licitações aqui e ali, coitado, para ele parar de se  queixar da vida. Com isto, a CPI desaparece e voltamos ao secular lema “melhor que DAER, só mesmo recebaer".
Procurei em tudo quanto é jornal e nada sobre a Operação Cartola. Só o último e excelso guardião Políbio Braga investiga e repercute – com maestria. De resto, sumiu como que por encanto. Foram buscar lã e saíram tosquiados, será? Se o próprio Cartola soubesse que seu nome seria usado para a coisa, certamente pularia no cangote do autor da tal “operação”. De novo, resultado mesmo só o nome de oito prefeitos na mais pura e fétida merda. Reeleição? Para eles, reeleição só se Cucuia virar nome de município. Se a ideia era passar pavor para a prefeitada, a tal “operação” foi um formidável sucesso. O resumo da bufa, no entanto, como diria um amigo de nome Wladimir Lenine Lattuada, ate o momento é “muito mais ovo do que aplauso”.
Minha manhã terminou com a informação de que, no seu aguardadíssimo depoimento, Paulo Feijó teria negado veementemente, diante da juíza, tudo que Luciana Genro dissera em entrevista coletiva no passado recente. Em resumo, ele disse que nada era verdade, que a filha do governador havia mentido. Desliguei o rádio. Fico constrangido com mentira. Não deve ser nada fácil pra esse pessoal lidar com essas coisas em casa.

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De futebol
Leila Weber

Não entendo nada de futebol, mas os últimos resultados desse esporte - que deixou de ser só esporte pra virar mercado afrodescendente... mas isso é assunto pr'outro dia. Pois os últimos resultados dão margem a algumas conclusões.
Por exemplo: os paraguaios finalmente se vingaram do conceito sobre falsificação que a gente tem sobre eles. No domingo, os falsificadores estavam do outro lado. De camisas bem amarelinhas.
Por falar em cor, acho que é injustiça dizerem que Falcão amarelou. Ele ficou é vermelho de vergonha da goleada. Mas Falcão não precisa ficar chateado, que isso é coisa de São Pedro: cansado de ser xingado como patrono do nosso Estado, além de nos castigar com frio-e-chuva, combinou com São Paulo de dar uma lição à gauchada.
E não é só o Dunga que deve estar dando risada, mas também o Renato. Se bem que...

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