Bom Dia!! Quarta, 9 de outubro de 2013

REDE POR ENQUANTO
MUITO PELO CONTRÁRIO



Mário Augusto Jakobskind - jornalista

O ingresso de Marina Silva no PSB mexeu na política brasileira. A ex-senadora conta com grande apoio da mídia conservadora, que desde há muito abre grandes espaços para ela. Um colunista de O Globo, o Merval Pereira, tem se esforçado bastante para ela aparecer como “fenômeno novo” na política brasileira, Claro, a conclusão é do imortal da Academia Brasileira de Letras.

A verdadeira história da tentativa de legalização da Rede está mal contada, até porque os próceres de Marina, ou mesmo ela sozinha, dificilmente decidiriam em uma madrugada a aliança com o Governador Eduardo Campos.

Marina é esperta demais e ao ter percebido que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) negaria o registro não deve ter perdido tempo. Conversou com deus e o mundo. Usou o boquirroto Roberto Freire para despistar. O ex-comunista hoje abrigado no PPS, um partido apêndice do PSDB, achava que Marina ingressaria em suas fileiras. Ficou irritado quando soube o que ela tinha decidido. Mas com o tempo tudo isso vai passar, porque afinal de contas ele precisa se agarrar em alguém para sobreviver politicamente. E Aécio Neves, que Freire apoiava até agora, não decola.

Correndo por fora, Eduardo Campos aguardava o desenrolar dos acontecimentos e num sábado morno e sem notícias montou com Marina Silva um piquenique jornalístico que ocupou grandes espaços na mídia eletrônica, sobretudo na Globonews, que cobriu ao vivo toda a festa de filiação que culminou numa entrevista coletiva gênero convescote.

A mídia conservadora explorou sobremaneira um suposto desabafo de Marina na reunião de madrugada com os correligionários em que teria afirmado que um de seus objetivos agora é acabar com o “chavismo” no PT. Na coletiva não confirmou o uso do mesmo adjetivo, mas também não negou, o que na prática significa que ela pensa isso mesmo.

A referida prédica vai ser muito repetida pela mídia de mercado, podem crer os leitores. Tal fato de alguma forma ajuda finalmente a política brasileira a se definir se é de direita, de esquerda, de centro. O que não pode continuar é na base do muito pelo contrário, como ela tenta passar para os incautos.

Marina também se considera fato novo na política brasileira. Mas o que significa exatamente modernidade? Antes disso seria importante que ela definisse vários pontos, como, por exemplo, o atual posicionamento em relação ao leilão do complexo petrolífero de Libra, no pré sal e as demais privatizações que o atual governo está tentando incrementar. Certo que o petróleo é uma energia poluente e que é necessário encontrar outros recursos, como o solar e dos ventos. Mas como a bacia petrolífera é uma realidade, qual a posição da Ministra do Meio Ambiente no governo Lula sobre o pré-sal?

Qual a posição da sua Rede em relação ao capital financeiro? Será que ela conversa sobre o tema com seus correligionários e com sua amigona Maria Alice Setubal, mais conhecida como Neca, herdeira do Banco Itaú? A sustentabilidade da Rede passa pela defesa da soberania nacional? E qual a posição do partido abrigado provisoriamente no PSB no que diz respeito à integração latino-americana? Se fosse presidente, como seria a política externa de seu governo?

Seria também importante uma definição de Marina Silva, em princípio candidata a vice de Eduardo Campos, sobre o bloqueio econômico dos Estados Unidos contra Cuba. Algum repórter poderia perguntá-la o que faria se estivesse ocupando o governo e descobrisse que seus telefones e correios eletrônicos estavam sendo grampeados pela inteligência norte-americana? Como, em suma, enfrentaria uma situação ao se tornar pública a informação segundo a qual a inteligência estadunidense atua no Brasil na maior desenvoltura?

Qual a posição de Marina sobre a política externa de países como o Reino Unido e Estados Unidos? Outra dúvida que ela pode desvendar, se é verdade que a atual filiada ao PSB têm vínculos estreitos com as entidades ecológicas bancadas pelo Príncipe Charles, como dizem seus desafetos?

Para ajudar a definir se a Rede é de direita, de esquerda, de centro e abolir o muito pelo contrário, o que a política brasileira acha das mobilizações dos movimentos sociais no sentido de ampliar os espaços midiáticos, ou seja, para conseguir que no Brasil os meios de comunicação sejam democratizados e todos os setores sociais tenham vez e voz em pé de igualdade?

Qual a posição de sua Rede no que concerne às Comissões da Verdade? Marina Silva agora como correligionária da deputada Luiza Erundina, tratada com destaque no anúncio da entrada no PSB, apoia o posicionamento da parlamentar na defesa da revisão da Lei da Anistia?

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