O CARA VAI MEXER NUM VESPEIRO!!
Um das pessoas que mais aprecio é o jornalista Celito De Grandi.
Por inúmeros motivos.
Resumo:
Primeiro, o meu registro de "Jornalista Profissional Diplomado" - 4.521 -, de 21 de agosto de 1980, é assinado pelo Celito, então delegado Regional do Trabalho. Claro que sabia quem ele era, um respeitadíssimo jornalista.
Tempos depois, ele foi o coordenador de Comunicação do Governo Germano Rigotto. E sempre que pode me deu uma força legal.
Além disso é um baita escritor. O "Caso Kliemann - A História de uma Tragédia" é um dos livros obrigatórios deste século.
Tem a calma dos sábios.
--
Por que vai mexer num vespeiro?
Leia:
(A coluna é publicada semanalmente em vários jornais, entre eles A Plateia, de Livramento e Gazeta do Sul, de Santa Cruz do Sul. Também no www.celitodegrandi.com.br - quem quiser receber as crônicas é só se cadastrar no site)
Um novo e provocante desafio
Celito De Grandi
Desde a publicação do livro "Caso Kliemann, a história de uma tragédia", há três anos, leitores cobram-me um trabalho semelhante em relação ao chamado "Caso Daudt", outra história real com todas as características de novela.
Para recordar e informar aos mais jovens: o médico e deputado estadual Antonio Dexheimer foi acusado de ser o autor dos disparos que mataram seu colega de Parlamento e de partido, o jornalista José Antonio Daudt. A motivação seria o envolvimento da ex-mulher do primeiro parlamentar com a vítima.
Ao longo de um quarto de século, a imprensa sempre se referiu ao episódio como o "Caso Daudt", quem sabe o mais enigmático drama da moderna história político-policial do Rio Grande do Sul.
+++
Na noite de 4 de junho de 1988, aos 48 anos, José Antônio Daudt foi assassinado ao chegar à sua residência, no bairro Moinhos de Vento, em Porto Alegre. Caiu abatido por dois disparos de uma arma de caça calibre 12. Ainda sacou o revólver 38 do coldre, mas o chumbo dos cartuchos já havia se espalhado pelo seu corpo.
Enquanto ele agonizava, os amigos mais próximos encarregaram-se de difundir uma só versão: o autor do crime foi o deputado Antonio Dexheimer.
Até a absolvição do indiciado, pouco mais de dois anos depois, muitos episódios inquietantes envolveram o inquérito, incluindo briga de vaidades entre delegados responsáveis pela investigação e conflitos de interesse político.
Também no Judiciário houve profundas divergências. Um promotor não tem dúvida: Dexheimer é o assassino. Outro promotor tem certeza: ele é inocente.
Mais do que isso, o que importava para os círculos sociais fechados e para o grande público, foram os bastidores da vida pessoal dos implicados na história.
José Antônio Daudt era um combativo homem de rádio e televisão. Tinha por hábito dar socos na mesa para enfatizar suas opiniões. Mas nos meios jornalísticos e em pequenos círculos sociais, não era segredo a sua homossexualidade.
Revelações, maledicências e suspeitas sobre o mundo gay povoaram o imaginário dos gaúchos. E isso acabou atingindo, pelo menos em parte, a idealizada e mítica figura do homem másculo, montado em cavalos, capaz de lutar com bravura nas coxilhas e fronteiras, na defesa de seu território e de suas ideias.
Também os homossexuais eram capazes disso.
+++
Decidi enfrentar o provocante desafio de resgatar também esta história. Protelo alguns outros projetos e vou mergulhar nos documentos e testemunhos de quem possa, de uma ou outra forma, contribuir para esclarecer aspectos até hoje nebulosos do crime. Sem pressa. Porque continua sem resposta uma pergunta essencial, com a absolvição de Dexheimer:
- Quem matou José Antônio Daudt?
Tem muito lixo por baixo do tapete nesse Caso Daudt...
ResponderExcluirdr lia pires costumava dizer: o caso daudt não se sabe quem matou mas se tem certeza sobre quem não matou, uma vez que o acusado foi absolvido e transitou em julgado em 2008.
ResponderExcluirChama o Simon que ele sabe de tudo!! O delegado que pegou o caso no início (hoje aposentado) também sabe!!
ResponderExcluirEste comentário foi removido por um administrador do blog.
ResponderExcluir