AGRESSÕES NA CÂMARA
Vítima de agressões físicas e simbólicas. Assim foram descritos fatos vividos pelo repórter fotográfico Elson Sempé Pedroso no dia 12 de julho, durante o terceiro dia de invasão da Câmara Municipal de Porto Alegre pelo Movimento Bloco de Lutas. O depoimento do servidor do Legislativo da Capital foi recolhido na tarde desta terça-feira (22/10) durante reunião da CPI da Invasão. Esta foi a primeira oitiva da Comissão Parlamentar de Inquérito.
As agressões físicas sofridas pelo servidor, conforme relatou, ocorreram quando, acompanhando o presidente da Casa, vereador Dr. Thiago Duarte (PDT), chegou ao terceiro andar do Palácio Aloísio Filho, sede da Câmara Municipal, na ala em que está localizada a sala da TV Câmara. Elson explicou que foi solicitado pelo vereador a acompanhá-lo, já que o presidente da Casa havia recebido informações sobre uma tentativa de arrombamento da porta daquela sala.
“Havia várias pessoas em frente à porta”, descreveu o fotógrafo, que informou ter chegado ao local já tirando fotos e, para isso, disparando o flash. “Se mostraram, então, hostis e ouvi coisas como ‘fotografo de m...’, e ‘não fotografa".” Disse também que houve tentativas de tirarem a câmera fotográfica de suas mãos. “Puxei a câmera e virei as costas para sair dali, e tomei tapas na nuca.”
O servidor continuou seu relato dizendo que, ao voltar às escadas, foi empurrado e recebeu um chute. “Já estava no meio da escada quando fui novamente empurrado.” Favorecidos pela localização das escadas que ficam próximas a acessos ao Plenário Otávio Rocha, contou Elson Pedroso, vários outros manifestantes se juntaram ao grupo que empurrava ele e o vereador Dr. Thiago no trajeto até o Salão Nobre da Presidência.
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Conforme relatou Pedroso na reunião da CPI da Invasão, depois das agressões físicas, já no Salão Nobre da Presidência, onde estavam reunidos vários vereadores, foi a vez de sofrer agressões denominadas por ele como "simbólicas". “Fui chamado de mentiroso por vereadores, me mandaram calar a boca, e ouvi (a respeito das agressões físicas sofridas) que estava criando um factóide apenas para desestabilizar o movimento”, revelou. “Como servidor público e como jornalista, assumi a responsabilidade de prestar serviços”, disse.
Perguntado pelos vereadores da CPI, Pedroso relatou algumas das agressões simbólicas que lhe teriam sido proferidas. Segundo ele, o vereador Alberto Kopittke (PT) o teria chamado de mentiroso e mandado calar a boca, enquanto Marcelo Sgarbossa (PT) teria dito haver a versão de que ele, Pedroso, teria antes agredido os manifestantes. Elson Pedroso citou ainda que os vereadores Sofia Cavedon (PT), Engenheiro Comassetto (PT), Fernanda Melchionna (PSOL) e Pedro Ruas (PSOL) “gritavam na sala dizendo ser apenas um factóide para desestabilizar o movimento”.
O servidor disse ainda que, após os fatos daquela sexta-feira, foi patrulhado pelas redes sociais. “Tenho páginas impressas que mostram isso”, afirmou. “O que aconteceu não foi contra um servidor da Câmara, mas se agrediu a história de todos os servidores da Casa”, salientou. Ao iniciar seu depoimento, Pedroso lembrou ser repórter fotográfico há 20 anos, 18 deles como servidor da Câmara Municipal. Também é professor universitário e dirigente sindical na área de jornalismo.
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A reunião da CPI da Invasão foi dirigida pelo vereador Reginaldo Pujol (DEM), presidente da Comissão, e teve a presença dos vereadores Márcio Bins Ely (PDT), relator, Luiza Neves (PDT), Paulinho Motorista (PSB), Tarciso Flecha Negra (PSD), João Carlos Nedel (PP) e Alceu Brasinha (PTB). Na próxima semana, a Comissão Parlamentar de Inquérito deverá ouvir o depoimento do presidente da Câmara, vereador Dr. Thiago Duarte (PDT). (Guga Stefanello)
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