Graças ao bom Deus, até hoje não passei por isso.
É apenas um pesadelo.
A água invadindo a tua casa, a tua única casa. E ver, sem poder fazer nada, a água destruindo tudo o que foi comprado com sacrifício. Móveis, eletrodomésticos, tudo!
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No sábado choveu muito em Oeisis International. De tarde, então, foi um horror. As nuvens despejavam água, sem trégua. Horas e horas.
Da janela que dá para os fundos assisti, sem poder fazer nada, a nossa maravilhosa horta ficar completamente coberta. Os pés de couve, radiche, espinafre, cebolinha, salsa, tudo, embaixo da água. No início da chuva ficam até mais bonitos, mas depois parece que murcham. A água foi tapando o gramado.
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Era dia ainda quando fui olhar a garagem. Por baixo da porta dos fundos a água começou a invadir a garagem. Numa velocidade espantosa. Claro que a garagem está abaixo do piso de dentro da casa, caso contrário, invadiria a sala de jantar.
Fazer o quê?
Peguei uma vassoura e ajudei a água a sair da garagem. Mas ela, a água, era muito mais rápida do que eu.
Pelo pequeno vão da porta a água jorrava.
Evidente que desisti.
E a chuva aumentava mais.
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Peguei uma cadeira de praia e me sentei na sala, olhando pra rua. Desisti da horta e da garagem.
Fiquei pensando nessas famílias que perdem quase tudo numa enchente.
Sei que existem aqueles que colocam suas casas em áreas invadidas junto a um rio. Sabem que um dia o rio vai subir e vai levar tudo. Mas e essa pobre gente, como aconteceu na semana passada, em Esteio, na Grande Porto Alegre? Simplesmente a água invadiu as suas casas em minutos, sem um motivo real!
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Aí um parêntesis:
O prefeito de Esteio, Gilmar Rinaldi, preocupadíssimo com o povo que o elegeu, está fazendo um tour pela Europa, como publiquei ontem - saiu na página da Rosane de Oliveira, na Zero Hora:
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Com o dinheiro que esses caras vão gastar daria para ajudar muita gente.
Interessante, também, é que, quando essas catástrofes naturais (será que são tão naturais assim?) acontecem, corre todo mundo pros 'veículos' dizer que "já estamos fazendo um comitê especial para estudar o que aconteceu e propor alguma solução". É sempre assim. Invariavelmente.
ResponderExcluirA chuva é que cai e vai destruindo as vidas das diferentes em diferentes lugares. Mas o discurso (que fica só no discurso) é o mesmo. Ah! E igual para todos os partidos.
Em agosto tive a oportunidade de ir até São Sebastião do Caí, após a chuvarada. Levamos alguma ajuda que reunimos entre amigos. O rio é logo do lado das casas, apesar de estar abaixo de uma barranca, incapaz de segurar sua força. Conversamos com um senhor holandês de 90 anos que, ainda pequeno, veio com os pais para o Brasil e adotou a região como sua casa. Ele é dono de um mercadinho de esquina há duas quadras do rio. Com o tempo, conseguiu refazer os balcões e prateleiras onde mantém os mantimentos: fica tudo meio suspenso. Simplesmente porque é só chover e a água toma conta. Disse com os olhos cheios de lágrimas: "Quando viemos pra cá, brincávamos e passeávamos no rio. Agora está tudo sujo e entupido. E eles não fazem nada pra mudar."
Com relação as enchentes, gostaria de deixar aqui uma constatação: em 1971, eu com 15 anos fui morar em Porto Alegre e eventualmente viajava as praias e a partir de 1973 pela Free Way. Na época passava-se, na saída de POA, por inúmeros trechos alagados ou com plantação de arroz. Hoje nestas áreas existem indústrias e residências. Incompetência dos órgãos públicos que deveriam zelar pelo meio ambiente e deixar que a urbanização urbana chegue somente a lugares onde podem e não em banhados e encostas de morros. O povo é muito burro ou pobre para perceber isso.
ResponderExcluirSou apenas um numero na imensa lista de pessoas que possuem trauma pós-temporal. É que no dia 13 de novembro de 2009 (podem checar: foi ‘Sexta-feira 13’...), a região na qual resido, São Sebastião do Caí, foi surpreendida por fortes rajadas de vento e, ato contínuo, chuva forte. Diversas famílias tiveram casas destelhadas, outras, sofreram alagamento. Me incluo no segundo grupo. Detalhe: em que pese meu bairro localizar-se em local afastado de riacho, a forte chuva derrubou muro de residência lateral e, por isso, barro e lodo tomaram conta de minha casa. Longe de reclamar, apenas escrevo tal relato para dizer que em cada ocasião que a TV noticia alagamentos e/ou residências invadidas pela água, me coloco na pele daquelas pessoas atingidas.
ResponderExcluirPorém, eu tenho uma dica: creio que as autoridades e pessoas RICAS poderiam ajudar a sanar o problema: basta um mutirão coletivo para disponibilizar $$$. Uma vez com tal verba, não haveria dificuldades para que entidades de saúde contratassem profissionais. Estes, por sua vez, devidamente remunerados, iriam cuidar das pessoas que infelizmente tiveram casas alagadas (móveis estragados, etc).
Mas... claro... o que falei é utopia: será que governantes e demais pessoas bem posicionadas da sociedade iriam se desfazer de carros CAROS e demais bens para auxiliar o próximo? Infelizmente, sabemos a resposta... até porque... ‘oh, como seria ruim uma família de ricos vender o BMW, trocar por um Uno..
(Ou será que alguém de vocês conhece algum RICO que se desfez de bem material para auxiliar o próximo?)
Gente... o exemplo tem que vir de cima! Imagine um grupo de MILIONÁRIOS se desfazendo de seus bens para auxiliar pessoas desabrigadas! Outros iriam ver e se conscientizar: “Poxa, eu não preciso dirigir um Mercedes. Se o milionário vendeu o carro dele e vive de forma digna ao volante de um Ford Mondeo, vou fazer o mesmo: vou vender meu carro e auxiliar o próximo”.
Sim, eu sonho alto. Mas, tenho certeza... vocês certamente sonham o mesmo que eu – um mundo JUSTO.
Ou será que serei ‘obrigado’ à me conformar em saber que estas pessoas egoístas estão vivendo na ‘ilusão’ de que irão morrer e serem enterradas com seus bens materiais?*
Nunca demais ressaltar que poucas coisas podem ser comparadas a FELICIDADE de auxiliar um IRMÃO / IRMÃ desfavorecido (a). Aproveito para dizer que seria igualmente digno de aplauso constatar que representantes políticos de TODAS as ‘ideologias’ irão se unir nesta corrente (não é difícil fazer o bem, sabiam?)*.
Atenciosamente,
Paulo Lava
*Oh, wait: o que os vizinhos iriam pensar se as pessoas ricas/bem favorecidas vendessem seus carros e passassem a dirigir, sei lá, modelos ‘básicos’ como Fiesta, Uno, Gol GT? Minha ‘teoria’ é que tal pessoa, caso viesse a auxiliar quem precisa, iria ‘morrer’ pelas criticas que iria ouvir por parte de vizinhos, parentes (= Muita gente é ‘pautada’ pelas opiniões da chamada ‘sociedade’...).
Mas, voltando: Infelizmente... POUCOS auxiliam ao próximo. POUCOS têm bom coração. Para as pessoas egoístas, mais ‘importante’ viver ‘isolado’ do que acordar nesta terça com o intuito de vender seu ‘importado’ e, com parte da verba, auxiliar ao próximo (como eu gostaria de estar errado nesta infeliz realidade que acabo de ressaltar...)