Bom Dia!! Sexta, 4 de outubro de 2013

CASCALHO CONTURSI:
ÍDOLO DE UMA GERAÇÃO!!

No início dos anos 70, a imensa maioria da gurizada, dos 15 aos 25 anos, não dava muita bola para a ditadura e seus milicos. Até porque não iria adiantar muito.
Preocupava-se em burlar o controle dos pais e deixar o cabelo crescer; usar calças boca-de-sino; camisetas justas; fumar um careta atrás do outro - alguns se aventuravam nas boletas; conhaque, cerveja, trigo velho, por aí; paquerar na Rua da Praia e na saída dos colégios de freiras; passear e paquerar em Ipanema nos finais de semana.
Estudar vinha depois.
Todos os dias, nos finais de tarde, um programa obrigatório: Ouvir o programa Cascalho Time, na Rádio Continental 1.120 - claro, AM. Nos finais de semana, participar do Baile dos Magrinhos. Para quem morava em Porto Alegre, o Baile era na SAVA Clube - Sociedade Amigos da Vila Assunção -, aos domingos, de tardinha. O Baile era itinerante.
--
Cascalho era o ídolo de todos.
Jamais vou esquecer um domingo, de início de verão. Uma multidão aguardava a chegada do Cascalho nas imediações da SAVA. Lá pelas tantas, ele chega numa Mercedes. Uau!! Imagina isso numa época em que os carros importados eram raridade.
No início, Antônio Carlos Contursi era o Bier Boy, do Bier Show da Continental. Fazia o estilo de disc-jockey  americano - o similar nacional, também um ídolo da Rádio Mundial do Rio de Janeiro, era o Big Boy. Aqui se escutava o Bier Boy - tinha o patrocínio das Lojas Bier. Contursi era melhor do que o Big Boy, porque sempre tinha humor - as imitações dele do grande jornalista Flávio Alcaraz Gomes, em coberturas de guerra, foram antológicas.
--
Parêntesis.
AC Contursi contou em entrevista a Coletiva.net o motivo do apelido:
(...) A partir disso, o filho mais novo de Irene Galante Contursi e do jornalista Carlos Cunha Contursi ficou conhecido pelo nome artístico, Cascalho, apelido que recebeu na praia de Capão da Canoa. “Eu era um italiano muito clarinho, minha mãe raspava o meu cabelo bem curtinho e então apareciam as minhas orelhas de abano. O sol me deixava com a pele vermelha, então um menino começou a dizer que eu parecia um cascalho” – apelido que colou, talvez porque o menino ficava furioso a cada vez que era chamado assim. “Mas hoje agradeço e sou reconhecido por Cascalho”, resigna-se.
--
Fez programas em várias TVs, foi dono da Rádio Sucesso e aventurou-se por outras áreas.
Mas sempre foi o Cascalho. Um estilo.
--
Em 1980 fui trabalhar na Zero Hora e fui para a Editoria Política. Na Assembleia Legislativa conheci uma figura genial chamada Carlos Cunha Contursi. Sim, senhores e senhoras, o pai do Cascalho.
Não demorou muito e conheci o meu ídolo da juventude.
Cascalho diz:
- Meu pai para mim foi mais que um pai, foi um homem extraordinário.
Eu digo:
O Carlos Contursi foi para mim mais do que um homem extraordinário, foi um pai.
--
Confiram as fotos do Cascalho. Depois encerro:






--
Notaram?
Em todas as fotos aparece o símbolo da Pepsi.
Pois o Cascalho foi o primeiro garoto-propaganda do refrigerante (anos depois, o Bibo Nunes ocupou o lugar com "As Borbulhantes").
Neste ano, estão comemorando os 60 anos de Pepsi no Rio Grande do Sul, inclusive destacando as festas que a marca patrocinou..
Inacreditável, mas em todo o material publicitário o Baile dos Magrinhos não é citado!!
Um evento que revolucionou os anos 70 em Porto Alegre e no Estado!!
MAIS UMA PARA NÃO ACREDITAR:
O atual presidente da Pepsi para a América do Sul? O sujeito era estagiário e trabalhava na contabilidade na sede da avenida Praia de Belas. Chama-se Vasco Luce. Incrível, gaúcho de Porto Alegre!
--
Depois querem vir com aquele papinho de "orgulho de ser gaúcho".
--
Para encerrar mesmo.
O pai, Carlos Cunha Contursi, já falecido.



E o Antônio Carlos Cascalho Contursi


7 comentários:

  1. Viajei no tempo lendo essa matéria. Ainda vive dentro de mim aqueles momentos em que, após a aula, ligava o Receiver Telefunken na melhor (até hoje, na minha opinião) rádio de Porto Alegre. A Continental AM 1120. Não vi nada parecido até hoje. O Cascalho é um símbolo de uma época.

    ResponderExcluir
  2. Grande e merecida homenagem aos Contursi, especialmente ao inovador, talentoso e brilhante Cascalho Time On the Rocks. Até hoje, nenhum outro comunicador jamais chegou perto do Cascalho em termos de empatia, "timing" e energia, um marco do rádio do RS.

    ResponderExcluir
  3. Meu pai, Enio Tavares da Rosa, era locutor-chefe da Continental. Muitas vezes, depois do colégio, eu ia para a rádio, no edifício do relógio Ladeira com Andradas), fazer meus "temas de casa". Lá eu conheci muitos dos DJs que depois seguiram voo solo. Boa matéria e parabéns

    ResponderExcluir
  4. meus pais eram amigos do contursi. me lembro dele direto em capao. ia muito na casa dele pra brincar com o dudu, neto dele. bons tempos do boliche de capao! aquilo que era vida!

    ResponderExcluir
  5. Naquele tempo era de praxe o radialista citar a torto e a direito o nome do patrocinador. Hoje acho que já não fazem tanto, para não ficarem estigmatizados (deve dificultar no caso de troca de patrocínio). Se não me engano o incêndio das Americanas foi num sábado. Às 6 da tarde entra o Cascalho na Continental com o seu Cascalho Time e comenta rapidamente o ocorrido. E emenda com aquela dicção que se tornou sua marca registrada: "Havia na loja várias máquinas de Pepsi..." Eu e meus amigos estávamos de carona no carro do pai deles e ficamos indignados com a observação! Todos preocupados com as vítimas e o Cascalho cita "as máquinas de Pepsi..."

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. É mesmo? Mas que côsa .... Era isso?

      Excluir
  6. Lembro do "Baile dos Magrinhos" no Petrópolis Tenis Clube...era o ponto de encontro da turma do Col. Rosário só masculino, se encontrar com as lidas gurias do Col. Bom Conselho. O Cascalho não tinha ideia do poder de persuasão que tinha sobre aquela gurizada, tocando Gloria Gaynor, Gladys Knight & The Pips. e outros hits da Motown Records. Musica Brasileira Nem pensar, não era o local. Boas lembranças.

    ResponderExcluir