Direto da 30ª VINEXPO
Vinícolas do Brasil investem na produção sustentável e em garrafas ecológicas
Em sintonia com a preferência mundial por produtos que respeitem o meio ambiente, exposta nesta 30ª edição da Vinexpo, em Bordeaux, na França, as vinícolas brasileiras estão investindo cada vez mais em técnicas de cultivo sustentável, que eliminam ou reduzem drasticamente o uso de agrotóxicos, e em embalagens ecológicas, que utilizam até 30% menos matéria-prima.
As tecnologias adotadas também se refletem na melhora da qualidade dos vinhos brasileiros, que seguem conquistando premiações, novos mercados e o reconhecimento de alguns dos críticos mais famosos do mundo. Na safra 2011, nada menos que 22 vinícolas brasileiras adotaram a tecnologia conhecida como TPC (Thermal Pest Control), um processo de imunização à base de ar quente, que elimina fungos, bactérias e insetos, e que, em muitos casos, dispensa completamente o uso de pesticidas e agrotóxicos. Para o ano que vem, a previsão é dobrar o número de máquinas de TPC atuando no Brasil.
"Estamos diante de uma inovação do setor vitivinícola brasileiro, que pode utilizar essa ferramenta revolucionária para estar na vanguarda da demanda mundial por produtos orgânicos e que respeitam o meio ambiente", diz Andreia Gentilini Milan, gerente de exportação do projeto Wines of Brasil, uma parceria entre o Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin) e a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil).
As vinícolas Miolo e Lidio Carraro, duas adeptas desta iniciativa no Brasil, estão presentes ao lado de mais cinco representantes brasileiras, no estande do projeto Wines of Brasil na Vinexpo. Os vinhos Lidio Carraro Dádivas Chardonnay 2010 e Lidio Carraro Dádivas Pinot Noir 2010, e alguns rótulos da Miolo elaborados na Campanha Gaúcha, que poderão ser degustados na feira, foram elaborados a partir de uvas submetidas à aplicação da tecnologia TCP. "Análises preliminares mostraram que a técnica induz a uma maior concentração de polifenóis na uva, entre eles o resveratrol, poderoso antioxidante que favorece o sistema
cardiovascular", aponta Patrícia Carraro, gerente de exportações da Lidio Carraro.
Os jovens e vibrantes vinhos brasileiros também estão tomando a dianteira ao atender a uma demanda mundial cada vez maior por garrafas mais leves e, portanto, menos agressivas ao meio ambiente. Hoje, 17 vinícolas do Brasil já utilizam vasilhames de 25% a 30% mais leves que as embalagens comuns. Salton e Miolo, que estão presentes na Vinexpo, são alguns exemplos de vinícolas brasileiras que utilizam essas embalagens, que diminuem a quantidade de vidro despejada no solo e reduzem em até 6% a emissão de CO2 no transporte do produto final. Por serem mais leves, essas garrafas também permitem o carregamento de 1 pallet a mais por caminhão (baseado em um caminhão com 30 paletts de garrafas de vinho, são mais de 1.000 garrafas adicionais transportadas).
Reconhecimento internacional
Mesmo tendo iniciado sua promoção internacional há apenas nove anos, os vinhos e espumantes do Brasil vêm conquistando consumidores pelo mundo e são cada vez mais apreciados por seu frescor e por seu teor alcoólico moderado. Na edição de maio da respeitada revista Decanter, o crítico britânico Steven nSpurrier recomendou o tinto Quinta do Seival Castas Portuguesas 2008, da Miolo - sua primeira menção específica a um rótulo brasileiro.
Em abril, a também britânica Julia Harding MW, colaboradora do site da renomada escritora Jancis Robinson, elogiou o "equilíbrio e a sutileza" e "os sabores puros e brilhantes da fruta" dos vinhos e espumantes do Brasil. "Os espumantes, particularmente, têm mais sabor que muitas Cava ou Prosecco, e
muitos espumantes pelo método Charmat são deliciosamente frescos e vivos", afirmou Harding no site.
Outra prova da qualidade do espumante brasileiro está no fato de ele ser reconhecido até na terra-natal do champanhe. No dia 18 de junho, véspera do início da Vinexpo, o Marcus James Brut, da Vinícola Aurora, recebe a medalha de ouro do concurso Les Citadelles du Vin 2011, em Bordeaux. Esta é a 12ª medalha dada aos espumantes brasileiros nos concursos franceses neste ano, com destaque para três medalhas de ouro no Vinalies Internationales 2011. Os tintos e brancos brasileiros não ficaram atrás e levaram um total de nove prêmios nas competições francesas realizadas desde janeiro.
Mais exportações para a Ásia
O reconhecimento internacional cada vez maior se reflete nos bons resultados obtidos pelo projeto Wines of Brasil nos últimos anos. No primeiro trimestre deste ano, as exportações de vinhos engarrafados do Brasil cresceram 144% em relação ao mesmo período de 2010, e as previsões são de que o ano de 2011 traga um aumento de 90% nas exportações em relação ao ano passado. Hoje, os vinhos brasileiros são consumidos em 27 países.
Seguindo outra tendência mundial, o Brasil também está concentrado em expandir suas exportações no mercado asiático, principalmente em Hong Kong, um de seus oito mercados-alvo. "Trata-se da porta de entrada para o enorme mercado da China, que está vivendo um rápido aumento no consumo de vinhos", explica Andreia Gentilini Milan. Ela ressalta que, em 2010, o preço médio do litro do vinho brasileiro exportado para Hong Kong teve um aumento de 58%.
"Isso mostra que o consumo de vinhos e espumantes do Brasil em Hong Kong ncresceu em classes sociais que compram produtos de alto valor agregado, como os premium e os superpremium", diz Milan. Além de Hong Kong, os vinhos do Brasil são exportados para Japão, China e Cingapura.
Como parte de sua estratégia de expansão na Ásia, o Wines of Brasil levará seis vinícolas ao Hong Kong International Wine Fair, em novembro, e terá pela primeira vez um rótulo brasileiro - o espumante Cave Geisse Nature Terroir - apresentado no painel organizado pela escritora Jancis Robinson para definição de safra no Wine Future Hong Kong, também em novembro.
Na Vinexpo 2011, o Brasil está representado por sete vinícolas: Boscato, Casa Valduga, Lidio Carraro, Miolo, Pizzato, Salton e Vinibrasil.
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