Bom Dia!! Sexta, 31 de maio de 2013

VIVER.
APENAS ISSO!!

Estava na praia quando aconteceu o incêndio da boate em Santa Maria. Manteiga derretida, me peguei várias vezes limpando os olhos. Não consigo ter a real dimensão do que aconteceu com aqueles guris e gurias naqueles minutos trágicos. E me atrevo a entender o que se passa na cabeça dos pais, parentes e amigos dos que morreram.
Ontem, postei no Facebook um pequeno comentário:
Tragédia de Santa Maria.
Será que não está mais do que na hora de voltarem a viver? Claro, refiro-me aos familiares e amigos dos que morreram naquele horror.
É curioso, só vejo, nas entrevistas, pessoas com ódio.
Puxa vida, quantos milhares de guris e gurias morrem por ano no Brasil, vítimas dos maiores absurdos, como no trânsito? E as famílias e amigos têm que continuar tocando a vida.
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Vários comentários interessantes.
Destaco o que escreveu o jornalista Nestor Tipa Júnior:
Acredito que vai ser difícil qualquer pessoa que tenha alguma ligação com aquela tragédia de voltar a viver novamente, o que é absolutamente normal. O que vejo é que toda essa dor, sofrimento e ódio só é visível para nós porque a mídia do qual fazemos parte continua também alimentando esse ódio e sofrimento. Óbvio que é preciso noticiar os passos do caso, mas creio que já há um exagero no tom emocional em cima do assunto, o que potencializa ainda mais essa impressão sobre as famílias das vítimas. No entanto, a mídia acaba sendo um desafogo para essas pessoas e a mesma se aproveita disso.
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João Müller foi por outro lado:
Desculpe meu caro amigo José Luiz Prévidi, mas acho que agora a tua sanha contra a repetição de assuntos na imprensa te fez perder o bom senso. Você acha que um pai ou mãe tem como ter uma vida normal depois de perder um filho? E ainda mais daquele jeito? Pense no que você faria se fosse o teu filho. Pergunte pra sua esposa se ela conseguiria viver normal se fosse o filho dela que morresse numa tragédia assim. Você acredita mesmo que possa haver vida normal para um pai? Se você teve essa felicidade de nunca ver um parente jovem morrer tragicamente, convido você a conversar com uma mãe que tenha visto um filho morrer por culpa de outra pessoa.
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Caco Belmonte:
Para nós, que assistimos a tudo instalados no sofá, fica bem tranquilo pensar assim. A vida continua, tens razão. Contudo, se fosse eu um dos pais, nem ouso imaginar o tamanho do sofrimento. Eu ia querer o fígado desses caras...
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Gustavo Mota:
Concordo. Justiça, sim. Ódio e vingança,não. É uma dor dilacerante. Nem me imagino no lugar destes pais. Mas a dor não pode se transformar em atos medievais. Tapa na cara de um advogado. Protesto porque  pessoas, ainda não condenadas, foram libertadas até julgamento. Claro, que os jovens da Kiss não tiveram direito de defesa, mas numa tragédia, anunciada ou não, ninguém tem. E pra quem acredita em outra vida, por favor nunca esquecer, mas deixem estes meninos e meninas descansarem em paz. E que os verdadeiros responsáveis, todos, sejam condenados.
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Deveria  publicar todos os comentários, mas aí fica longo demais. Estão lá na minha página do Facebook.
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O comentário do João Müller, pra mim, foi o mais estranho. O cara não sabe nada da minha vida e chega a conclusões!! Poderia até dizer que ele escreveu bobagens, mas vamos com calma. Precipitou-se.
Contei aos meus amigos que "não gosto de tornar público assuntos meus. Mas eu era muito criança quando perdi pai e, 11 meses depois, o meu irmão mais velho. Minha mãe resistiu bravamente, para me criar. E eu ainda estou aí, aos trancos e barrancos. Ah, sim, meu irmão, 18 anos, foi em acidente de carro".
Já imaginou?
Minha mãe, uma feliz dona de casa, empenhada em cuidar do marido e dos filhos, de repente, tem que administrar o que meu pai nos deixou? Tornou-se mãe e uma mulher de negócios. Foi obrigada a "levar a vida". Quando estava se ajustando, a morte do meu irmão, tragicamente. Acidente de carro. Um guri, 18 anos!! Ela tinha dores de cabeça que quase a enlouqueceram. Tenho absoluta certeza de que não saiu completamente da casinha porque tinha que me criar e também tinha que continuar vivendo.
E ela foi levando.
Para terem uma ideia, ela administrou tão bem o que meu pai nos deixou que viveu 22 anos sem precisar trabalhar. Acreditem, depois de um certo tempo, ela viveu até feliz. Viajou bastante, foi a festas, fez tudo o que as pessoas felizes fazem. Morreu no Rio de Janeiro, a cidade que foi morar quando ainda era adolescente.
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Sim, meus amigos, que estas famílias de Santa Maria continuem de olho na justiça para que todos os culpados sejam regiamente condenados. Mas, por favor, ao menos, tentem viver. Tentam ser felizes.
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Para encerrar: os meios de comunicação poderiam dar um tempo, não?

Um comentário:

  1. O problema não é o direito das famílias permanecerem ou não de luto. O problema são os meios de comunicação que, ao menor sinal de baixa no ibope (ou falta de assunto mesmo, já que Bruno, Lalau e Cia. não dão audiência por mais que três dias...), vão lá e remexem a ferida dessa pobre gente! Pra mim isso é crueldade, não deixar descansar nem os vivos nem os "que se foram"...

    Lauro

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