Quinta, 9 de maio de 2013


AH, ROSANE...

Por Glauco Fonseca

A Página 10 de ZH hoje está um primor.
A síndica do espaço não economizou esforços para nos dizer o óbvio: que existe corrupção no âmbito privado. Puxa vida! Mudou meu jeito de ser e de pensar, a partir de hoje. Sabíamos disso? Claro que sim.

Também sabíamos que a corrupção privada sempre existiu e sempre existirá. Ela é, na verdade, uma doença derivada das regras do mundo dos negócios. Colocar água e lixo no leite, farinha suja no pão, vender carne de rebanho doente, radinhos de pilha montados por escravos chineses ou camisetas costuradas por bolivianos em cárcere privado. Tudo isto é corrupção, cujo objetivo é baixar preços de modo irreal e ilícito para fins de aumento de lucros e expansão da competitividade. A pena para a descoberta de crimes neste cenário é, na maioria das vezes, implacável. Semana que vem, procure um Latvida no supermercado. Se achar, em breve você trocará de super.

Já a corrupção pública - muito pior - é uma escola que ensina que tudo pode ser feito, pois o manto de impunidade é espesso e abundante. O dono da transportadora de leite vai preso logo, logo. José Dirceu ainda encaminha seus embargos entre baforadas de charutos cubanos, à beira de piscinas ou a bordo de jatinhos. A corrupção na vida pública é um crime maior, mais hediondo, mais impune e, ao contrário da empresa de leite, o político corrupto vai tentar e, provavelmente, vai conseguir se eleger e reeleger. Conhecemos Malufs, Genoínos, Dirceus e tantos outros país afora, a maioria deles com mandatos em pleno vigor.

A corrupção privada, no caso do leite, estava a serviço da queda de preços do produto no transporte e no mercado. Já a corrupção no ambiente público é sempre para aumentar os preços. Não fosse o formol, eu bem que preferia um leite com impurezas corrigíveis do que um político irremediavelmente impuro.

Mas a conclusão é outra: Rosane não avança em seu texto senão para dar uma espécie de salvo-conduto aos políticos envolvidos em atos ou supostas presenças em situações corrompidas. Não achei bom o que ela escreveu. Faltou um pedaço importante, um que diz que a corrupção pública, impune, com justiça lenta e cheia de chicanas e liberalidades, inspira e motiva ainda mais a corrupção privada. Ambas são doenças infectocontagiosas de dimensões repulsivas, mas a criminalidade no âmbito público é muito mais perigosa para a sociedade do que formol e ureia. Isto é o que deveria concluir a Rosane.

A corrupção privada dificilmente desaparecerá. Já a pública, esta sim, é muito possível ser enfraquecida, debelada. Basta que tenhamos fé no Brasil, que afastemos e prendamos corruptos, que reflitamos muito mais na hora de votar e que a mídia seja muito, mas muito mais inimiga do que amiga.

5 comentários:

  1. A corrupção é uma praga que grassa não somente em nosso país como a grande maioria é induzida a acreditar. Ela é universal. E o mais importante é que a corrupção nasceu no seio da sociedade e não no seio do serviço público que, gostem ou não, foi e é corrompido pela própria sociedade, pois inexiste corrupto sem que haja o CORRUPTOR. Se discordarem, por favor, contestem.

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  2. O comentário da Rosane parece de ser o de uma pessoa alienada.
    Parece o comentário dos PTistas de que o povo é bom, quem é mau é o empresário.

    Esse video mostra bem o tipo de povo que temos
    http://g1.globo.com/bom-dia-brasil/videos/t/edicoes/v/trens-carregados-de-soja-sao-saqueados-no-interior-de-sao-paulo/2563082/

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  3. Jorge, até já escrevi a respeito. Na verdade, NÃO EXISTEM CORRUPTORES. Estes só assumem tal alcunha APÓS conseguirem convencer a outra parte a operar fora da lei, fora do escopo ético ou de forma imoral. Se a tentativa dos "supostos" corruptores for bem sucedida, surge a figura do CORRUPTO. Portanto, ao contrário do que dizem, a verdade é que SOMENTE EXISTE A FIGURA DE UM CORRUPTOR SE HÁ UM INDIVÍDUO CORRUPTO. O contrário não existe, pois se o sujeito não se corromper, o ato corruptivo não prospera e o fenômeno não ocorre. Abaixo os Corruptos, safados e únicos responsáveis pelas falcatruas em toda parte!

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  4. Pelo amor amor de deus Glaco Fonseca! Mas que sofisma teu comentário. Como assim não existe o corruptor? Este é o pior da sociedade. Pois ele sempre procurará um modo de levar vantegem em tudo, inclusive procuranado pessoas mal informadas como você. Se a pessoa convece a outra pessoa a operar fora da lei, qual era a sua intenção senão o de corromper a outra pessoa? E mais, o servidor público, o político faz parte desta sociedaE no de que aceita a corrupção na esfera privada. No caso do leite, tratam-se de empresários corruptos, inescrupulosos, que adulteraram um alimento fundamental para ganhar dinheiro. Mas segundo Glauco Fonseca, eram empresários que não queriam se submeter à corrupção dos governos. Faça-me o favor. Ah, Anônimo, na operação Calcatrua os envolvidos são do PC do B (Manu....) e da Rede (Britto, Marina) e do PMDB (Simon)....

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  5. Dr.André, teu próprio argumento responde à tua dúvida. Não existe corruptor como indivíduo original. Ele somente existe se convencer alguém a fazer algo ilícito. Desta forma, o corrupto surge como um ser de fato, APENAS SE ACOLHER A SUGESTÃO DO ILICITO. Sei que pode ser muito para vossa limitadíssima inteligência, mas pense. É pura lógica. O benefício negocial advém da existência de um ser corrupto, sendo ele próprio, se for o caso, corruptor da ordem moral das coisas. De resto, não existe corruptor sem corrupto e, em caso de não haver a corrupção, inexistem AMBOS, certo?

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