Para quem não sabe o que é, um "Rock in Rio" gaudério.
Mais ou menos.
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Ontem conversei, por email, sobre o Acampamento Farroupilha - ou, carinhosamente, Favelão Farroupilha - com o advogado Astor Wartchow. Como a maioria dos porto-alegrenses concluímos que o atual "modelo" é uma bola nas costas da "tradição gaúcha".
Não sei se estas pessoas que vivem do gauchismo têm interesse em discutir o assunto, mas sabem que aquilo como está não é possível continuar. Concordo com o Astor quando ele escreve que o Acampamento "está a merecer uma exame mais acurado... sobre seus propósitos, sua razão de ser, etc... Qual o sentido disso? É turístico? E a questão ambiental (da micro-região)? É estético (em que sentido?)?".
Concordamos que é uma caricatura.
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Agora, vejam a ideia.
De primeiro a 20 de setembro um grande acampamento numa área longe do Centro de Porto Alegre.
Lá pelos lados da Zona Sul. Ou quem sabe algum município na Grande Porto Alegre.
Um Woodstock Gaudério, com muita música, comilança e cachaçada!!
Com um detalhe: o cara pode ir com a roupa típica, mas sem facas, para não dar mais mortes.
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Ali, onde hoje se instala o Favelão/Acampamento, poderiam fazer um acampamento permanente, e como diz o Astor, "de natureza turística e cultural, e que poderia ser administrado e
mantido em rodízio pelos CTGs habilitados. De modo que fosse algo que
poderíamos mostrar com orgulho a qualquer visitante".
Já imaginou que legal?
A gente teria orgulho de levar os amigos, que chegam de outras cidades e estados, para conhecer o acampamento. Na verdade, uma área onde se poderia conhecer o dia-a-dia de uma fazenda.
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É, mas não tem jeito.
No ano que vem vamos ter 2 favelões. O primeiro no período da Copa.
Neste triste modelo atual - uso o triste para tentar ser delicado.
Cidadãos que se "fantasiam" de gaúchos, muitos sem o menor conhecimento da história e das lidas campeiras, não podem retratar o dia-a-dia de uma fazenda, uma vez que são um arremedo do campesino que trabalha nesse setor. O resultado só pode ser este que retratas no teu blog. Sei que vais sofrer perseguição pelo que escreves e, mesmo sabendo que não adiante muito, tens meu apoio. Abraço.
ResponderExcluirPrévidi, há muito a Semana/mês Farroupilha deixou de ser uma manifestação cultural para ser um evento de exploração midiática/comercial. É o Halloween dos gaúchos.
ResponderExcluirSobre a mídia: já notou como a RBS incentiva estes eventos? Sim! Mas só aqueles onde seus protegidos têm chance de ser protagonistas. A franquia Fagundes, por exemplo, domina o campinho e só dá bola pros seus amiguinhos. Aí Band, Pampa e RecordRS tentam com suas subcelebridades conquistar algum espaço, mas sem resultado. A RBS meio que chantageia algumas prefeituras e promotoras. Pode notar que se a RBS não pode chegar arrebentando, tomando o espaço para seus pupilos, ela nem vai. É a fábula da raposa e as uvas. E o mais grave é que misturam epopéia farroupilha com o culto ao gaúcho, que não tem nada a ver, a princípio. O levante farrapo foi promovido por senhores estancieiros, mas letrados e finos, que podiam mandar trazer da Corte ou da Europa o melhor para as suas famílias e para as suas lidas diárias. O gaúcho, centauro dos pampas, homem rude e batalhador, é outro, e vem dos Contos Gauchescos de Simões Lopes Neto.
lembro que quando estavamos comemorando os 150 anos da Revolta, houve um monte de historiadores e pesquisadores que se encarregaram de revisar a história, mas agora, acho que se renderam à glamourização da Casa das Sete Mulheres e chegaram a conclusão que é melhor enaltecer o mito, do que confrontá-lo.