REMINISCÊNCIAS
Não tive muitas namoradas. Sem fazer muitas contas, acredito que conto nos dedos.
Falo em namoro mesmo. Aquele de conhecer a família, estar sempre grudado, essas coisas. Sabe como é, não?
Desde pequeno sou pragmático, especialmente nestas questões sentimentais. Sentimentais?
Lembro que no jardim de infância, cinco anos, por aí, tinha uma coleguinha que eu adorava. Sentava ao meu lado. Juro, a gente brincava de médico no recreio. Ela adorava tomar injeção e eu, um médico zeloso, aplicava a dita nos seus pequenos glúteos. Até que um dia a professora proibiu a brincadeira.
Mais tarde, tinha várias amiguinhas que gostava muito. Aquelas da mesma classe. Lá pelos 10 anos, a moda era dançar o twist. Eu dançava, mas não gostava muito porque não tinha esfregação. Poucos anos depois, Roberto Carlos e Renato e Seus Blue Caps dominavam as reuniões dançantes. Bah, era muito legal, porque se dançava junto e era uma esfregação legal.
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Nessa época, 13 anos, gostava muito de uma guria, a Tê. Dançava sempre com ela. Mas ela não quis namoro porque eu era um ano mais moço do que ela. Não dei bola e continuei me esfregando nas reuniões dançantes com ela e outras.
Aí, com 14 anos fui morar em São Paulo. Estudava num colégio legal, o Eduardo Prado e era sócio do clube Pinheiros. As gurias eram bem assanhadas. Nada de namoro, era mais ou menos o que hoje a gurizada chama de "ficar". Uma beijação danada.
Ficamos por lá menos de dois anos. De volta a Porto Alegre, como sempre, numa reunião dançante no Partenon Tênis Clube conheci uma guria linda e nos gostamos. A Vânia. Foi a minha primeira namorada. Linda é pouco, era maravilhosa!! Namorava nas quartas na casa dela, no sofá da sala, e nos sábados íamos ao clube. As vezes ia buscá-la no colégio - estava se formando professora. A Vânia tinha 17 anos.
Não durou e não me lembro do motivo de termos desistido.
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Não gostava daquele negócio de namoro. O meu negócio era sempre buscar novidades. E nas sextas e sábados estava sempre nas reuniões dançantes. Galinhagem total. Quando uma guria vinha com aquele papinho de namoro, ir na casa dela, tal e coisa, dava um jeito de me mandar.
Com 19 anos ganhei um carro. Um flamante Volkswagen TL. Bah, aí a galinhagem tomou contornos estratosféricos!! Era festa e festa. O negócio era bola pra dentro!! Até que tive um acidente que quase dancei. Meses de cama, cadeira de roda, muleta. Um horror!!
Comecei a cursar a Filosofia na UFRGS e lá conheci outra guria muito bonita. Aí dei o braço a torcer e namoramos. Ela fazia História e éramos da mesma aula no Básico. Não durou muito, porque ela me pegou de galinhagem com uma amiga comum. Eu gostava dela.
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Mais tarde tido outra namorada, também jornalista. Ficamos até noivos.
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Até os 28 anos tive outras namoradas, entre aspas. Mais por comodismo. Elas iam lá pra casa e eu não precisava sair a luta. Felizmente, todas gurias bonitas, em todos os sentidos.
Aí conheci a Rute. Não namoramos, e pouco nos víamos. Era muito estranho. Moramos na mesma rua e os edifícios eram quase vizinhos. Mas vez que outra saíamos, sem o menor compromisso.
Fui morar de novo no Rio de Janeiro, em dezembro de 1983. Acreditem, nos falávamos 3, 4 vezes por dia. Um negócio maluco!!
Em janeiro de 84 vim passear em Porto Alegre e aí o negócio ficou sério.
Namoro, mesmo a distância.
Em março do mesmo ano mandei uma carta pra ela. Pra resumir, a pedia em casamento.
A Rute foi pro Rio em maio e em julho nos casamos. No papel.
No ano que vem serão 30 anos.
Imaginou?
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Notou uma coisinha?
Namoro, mas namoro mesmo, como as tradicionais definições, nem com a Rute!!
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