SOU A FAVOR, MAS...
João Paulo da Fontoura / escritor diletante / Taquari, RS
Acho muralista (não confundir com moralista) quem afirma ser totalmente a favor das manifestações, mas...
Pra mim, amigos, colocou a conjunção “mas” após o “a favor”, ou é muralista ou, pior ainda, está contra. Nada contra quem for contra, desde que o afirme claramente, sem tergiversação. Não existe protesto (a não ser lá, no Japão, onde eles, inclusive, limpam o chão-de-fábrica quando estão cometendo uma “belicosa” greve) sem excessos, sem badernas. A baderna é intrínseca ao protesto; como dizem os magrinhos, “faz parte”.
Protesto sem badernas é missa. E ainda por cima, ecumênica. E por favor, não me venham com falsos moralismos do tipo: “então tu és a favor dos baderneiros”. É obvio que eu e qualquer cidadão civilizado, moralmente, seremos contra! O problema todo é que estamos discutindo algo que não pode ser medido pela moral padrão. Protesto é uma ruptura. Todos nós sabemos que um protesto só vingará, se chocar, constranger. Até mesmo o grande pacifista Martin L. King só obtinha sucesso nas suas marchas, porque, entre outros, se utilizava de mulheres e crianças para – cuidem o cruel - “apanharem à rodo” das truculentas e fascistas polícias, e, com isto, chocar à opinião pública, que, no recôndito de seus lares, assistiam, pela TV, ao massacre. Não batiam, não depredavam. Apanhavam. E muito.
Lamento meus amigos, mas o efeito é o mesmo: constrange, revolta, comisera!
Neste momento a Zero Hora discute se vai ou não publicar um manifesto dos jornalistas da ZH. Detalhe: o manifesto foi escrito pelos editores (supostamente) e os cerca de 200 repórteres estão sendo "convidados" a assinar. O texto é patético - numa clara utilização dos jornalistas como escudo da empresa. Ainda neste horário espero que os chefetes de ZH tenham cérebro e não publiquem este "manifesto" feito por puxa-sacos e assinado por muitos e muitos jornalistas que, ao menos a maioria, sofreram coação para assinar (por óbvio que eles vão dizer que não foram coagidos e blá-blá-blá). Desculpa não assinar, mas o vínculo com um jornalista da empresa pode comprometê-lo. Ainda assim, lhe passo a informação para que averigue, como sempre faz com muita eficiência.
ResponderExcluirEu gostaria de saber, sr.João Paulo, se o senhor tivesse uma casa comercial e, no dia seguinte à uma baderna dessas, chegando ao seu local onde ganhas o pão de cada dia, tivessem arrombado seu estabelecimento, levado as mercadorias nele contidas, lhe causasse um prejuízo de dez mil reais, se o senhor estaria com este discurso de que "não existe protesto sem excessos, sem badernas e que a baderna é intrínseca ao protesto e que como dizem os magrinhos, “faz parte"? Nos protestos das "diretas já",por exemplo, o senhor lembra de ter havido esta bandidagem toda?
ResponderExcluirLuiz