Sexta, 21 de junho de 2013 - parte 2

A REVOLUÇÃO DOS 20 CENTAVOS
E A REVOLTA DO VINTÉM



A Revolta do Vintém foi um protesto realizado entre 28 de dezembro de 1879 e 4 de janeiro de 1880, nas ruas do Rio de Janeiro, capital do Império, contra a cobrança de vinte réis, ou seja, um vintém, nas passagens dos bondes, instituída pelo ministro da fazenda, Afonso Celso de Assis Figueiredo, futuro Visconde de Ouro Preto.
Aos gritos de "Fora o vintém" a população espancou os condutores, esfaqueou os burros, virou os bondes e arrancou os trilhos ao longo da Rua Uruguaiana.
A estatística de feridos e mortos não é precisa, estima-se entre 15 e 20 feridos e entre 3 e 10 mortos. Desgastado, o ministério caiu, tendo o novo ministério revogado o tributo.
A cidade do Rio assistiu a deflagração de uma revolta de caráter eminentemente popular. Um levante de aproximadamente cinco mil manifestantes se colocou em frente o campo de São Cristóvão, sede do palácio imperial, para exigir a diminuição da taxa de vinte réis (um vintém) cobrados sobre o transporte público feito pelos bondes de tração animal que serviam a população.
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Contidos pelas autoridades policiais, os revoltosos esperavam uma resposta de um dos principais líderes daquele protesto: o jornalista Lopes Trovão. O imperador, que prometia abrir negociação, teve seu pedido negado pelo jornalista republicano que adotou uma nova estratégia. Lançando seus argumentos no jornal Gazeta da Noite, Lopes Trovão convocava a população carioca a reagir com violência contra a medida imperial.
No primeiro dia do ano seguinte, data em que o valor seria oficializado, novos levantes seriam organizados pelos populares simpatizantes à causa. Mais uma vez incitados por Lopes Trovão, uma massa de revoltosos se dirigiu até o Largo do São Francisco, local de partida e chegada da maioria dos bondes. A presença de autoridades policiais só aumentou o clima de tensão instaurado. Impacientes, os revoltosos começaram a gritar “fora o vintém”, esfaquear mulas e espancar os condutores dos bondes.
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Os policiais, sem condições de fazer oposição ao protesto, logo pediram o auxílio das autoridades do Exército. A chegada das tropas exaltou ainda mais os ânimos da multidão, que passou a lançar pedras contra a cavalaria oficial. Ameaçados pela turba, os oficiais abriram fogo contra a multidão.

Um comentário:

  1. E o rei sentiu-se mal – fôra sinistro o dia!
    Passou-lhe no frontal a contração sombria
    Que marcava a convulsão tempestuosa, interna!
    Pois que! leproso o cão ousar a sujar-lhe a perna!
    A sombra dar um passo! o diamante régio
    Sentir manchas na luz de sua grande esfera!
    O verme avolumou-se em proporção de fera!
    Ter o arrojo brutal, o grande atrevimento
    De contestar a cifra do Dogma-Orçamento
    E tirar-lhe em cheio ao seu sagrado rosto:
    “Este imposto é ilegal: eu não pago esse imposto!”
    Oh! isto era demais!

    O Imposto do Vintém, poema de Mathias Carvalho

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