Considerações interessantes
sobre a máfia do futebol gaudério
Entrevista com o juiz do trabalho e diretor do Foro Trabalhista de Porto Alegre, Roberto Teixeira Siegmann, que deixou a vice-presidência de futebol do Internacional em 18 de julho, junto com o técnico Paulo Roberto Falcão.
A reportagem é de Felipe Prestes e Milton Ribeiro e foi publicada no www.sul21.com.br.
Trechos mais interessantes:
Sul21 – A que o senhor atribui o episódio de sua saída?
Roberto Siegmann – O presidente Giovanni Luigi é muito temeroso e lento para modificar quaisquer estruturas no clube. Um presidente lento e corajoso ainda seria aceitável, mas suas tomadas de decisões são muito demoradas. Não havia nenhuma tentativa de Fernando Carvalho de interferir no trabalho, porém um temor reverencial por parte do presidente em relação à figura de Fernando Carvalho. Qualquer coisa que pudesse atingir a memória ou aquilo que ele pensasse ser o patrimônio de Fernando Carvalho era evitado.
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Sul21 – E a situação financeira do clube?
Roberto Siegmann – A situação financeira do clube é dramática. São 24 milhões de reais de deficit acumulados este ano. No ano passado, este déficit foi mascarado pela venda do Estádio dos Eucaliptos. O déficit foi minorado, mas a situação é dramática. A venda do Leandro Damião é uma questão emergencial. Se não vender o Damião, não tem como chegar ao fim do ano que vem. É só uma questão de preço, de oportunidade.
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Sul21 – Por que os grandes clubes e as federações reelegem sistematicamente o Ricardo Teixeira? Qual é a vantagem? De que forma ele aglutina os dirigentes?
Roberto Siegmann – O futebol é uma máfia. Não tem nada mais parecido com a máfia do que o futebol. O futebol funciona, aqui e em nível internacional, em cima da troca de favores. Como a máfia funciona pela troca de favores. Então como é que as pessoas se elegem? Os presidentes das federações se elegem como? Ora, botando um gramado num campo do interior, abrigando as delegações em um hotel quando vão jogar fora de casa. Então, mediante pequenos favores, eles obtêm os votos tornando-se figuras absolutamente imbatíveis dentro de uma estrutura que não é nada democrática. A estrutura do futebol é tão antidemocrática que o presidente da Confederação Sul-Americana (Conmebol), Nicolás Leoz – que será mumificado na liderança do futebol sul-americano – tem uma declaração muito antiga de cada federação obrigando-se por si e por seus sucessores a votarem nele. É o restabelecimento da monarquia. E é assim na FIFA e nos países. Para quem gosta de Direito, há uma coisa fantástica. Sabemos que todas as nações são soberanas, com seu próprio Direito, sua Constituição, etc. Porém, o futebol tem uma estrutura própria que se sobrepõem às leis de cada país. Se a FIFA decidir punir um clube no Brasil, não adianta recorrer a ninguém.
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Sul21 – E o papel da imprensa nisso tudo?
Roberto Siegmann – Querem saber? Vocês não vão bater em mim? Eu acho a imprensa esportiva a mais desqualificada de todas. Para ser jornalista econômico, o cara deve saber algo de economia; para ser jornalista político, o cara tem que ter um conhecimento mínimo de como as coisas funcionam e as competências de cada setor e órgãos. Para ser jornalista esportivo é só o cara falar bem e saber que são onze contra onze. Porque de resto é só inventar ou embelezar os fatos. Veja o rádio: temos três ou quatro emissoras que dedicam 60% de seus espaços com esporte. Não há tanto assunto. E em Porto Alegre só há dois clubes grandes. O que ocorre é a valorização da banalidade absoluta. Eu enfrentei o caso Índio no ano passado. Foi um massacre da imprensa para cima dele por causa daquele corte na mão. E eu bati de frente com a imprensa, blindei o Índio. Por quê? Ora, ele estava de folga. Não interessa se ele caiu em casa ou noutro lugar, temos que resguardar a individualidade, mas aquilo precisava virar notícia e escândalo. Os caras enlouqueceram, foram ao hospital, à polícia, etc. Então, quando do episódio, eu, mal comparando, falei com um editor de esportes de um grande jornal. Referi o acontecido com o neto de um grande empresário de comunicação e lhe disse que saíra uma notinha mínima. Quando, às seis da manhã, um artista da Globo cai no Arroio Dilúvio com seu carro e dá entrevista num estado que parece ser o de um alcoolizado dizendo que ia buscar a filha, sai outra notinha. Mas o Índio, que é do futebol, corta a mão e todo tipo de suposição é discutida. Eu só respeito o Ruy Carlos Ostermann, recém aposentado, que tinha uma visão de mundo que extrapolava os limites do futebol. Ele não se metia em fofocas.
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Sul21 – Há jornalistas na folha de pagamento de clubes?
Roberto Siegmann – Há das mais variadas formas. Às vezes comprando livros, às vezes comprando CDs. Tem de tudo.
-----Roberto Siegmann – Há das mais variadas formas. Às vezes comprando livros, às vezes comprando CDs. Tem de tudo.
Sul21 – Então o Dorival Junior não aceitará o Fernandão?
Roberto Siegmann – Claro que não. Eles terão problemas a não ser que o Fernandão aceite ficar fazendo nada. Se ele ficar numa zona de come-dorme, pode ser que funcione.
Sul21 – O Fernandão não é burro…
Roberto Siegmann – Mas, olha só, o Celso Roth não falaria com o Fernandão, tenho certeza. Fossatti e Falcão idem. O Chumbinho ainda tinha uma função de infra-estrutura, logística e nas contratações, o Fernandão é jogador de futebol. Qual é sua experiência com contratos? Ele vai analisá-los? Sua presença só pode ser explicada pela necessidade de substituir o Falcão por outro ídolo para amenizar a insatisfação da torcida. Mas que ele não terá função, eu tenho toda a certeza.
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Volto ao assunto amanhã.
Amigo Previdi
ResponderExcluirUé??????nao estou entendendo, o "DONO" do Inter,Fernando Carvalho,sim este mesmo que aparece em Londres abraçado do Kia Abidishian(figura "impar")sempre passou para todos que o Inter era um exemplo de gestao financeira, estava a cima de tudo e de todos, e agora a sujeira está saindo debaixo do tapete, nada como um dia atras do outro...bom, mas para um clube de futebol que tinha ,ou têm, por debaixo dos panos, cartao coorporativo, que ,comprovadamente,foi usado para compras nada a ver com o dia a dia de um clube de futebol, nada é de duvidar, Inter Campeao de Tudo, tambem agora campeao de gastos no cartao coorporativo,campeao em sujeiro embaixo do tapete,campeao de escalar jogadores abaixo da critica,mas por motivos "ocultos" sao os preferidos, entao realmente o teu Inter é campeao de tudo...
dr joao de oliveira rodrigues
Esse senhor participou da gestao anterior. Fez de tudo para eleger o atual presidente. Nunca criticou o ambiente do futebol. Agora mostra nos seus comentarios uma inveja contra o Fernando Carvalho que beira as raias da insanidade. Que colorado e esse que desrespeita a instituicao comentando assuntos que deveriam ser discutidos no conselho do clube.
ResponderExcluirO Doutor Juiz disse o que disse da imprensa esportiva e ainda existem repórteres capazes de ouvi-los.
ResponderExcluirEsse cidadão colorado que quer ser presidente do clube, e se Deus Nosso Senhor não permitir, jamais o será, falou inumeras verdades mas deu destaque exagerado a certos fatos, para torná-los escândalos e para diminuir seus adversários na política clubistica. Comporta-se como a maioria dos dirigentes que critica. Torce pelo insucesso do clube para que seu adversário não tenha sucesso.Gente desse tipo e ainda com o perfil de "porra loca" não serve para o nosso Internacional. O Sr. Siegman na presidência seria um desastre e não teria sucesso no futebol. Só tem sucesso quem cultiva as boas relações. Quanto ao "doutor", esse que opinou por primeiro, sugiro que olhe pro seu clube ao invez de dar credibilidade total ao um ex-dirigente frustrado e incompetente. Lá no seu clube encontrará em progressão geométrica tudo o que esse ex-dirigente falou de seu proprio clube.
ResponderExcluirComo sou simpatizante do Grêmio e fui torcedor do Grêmio Esportivo Renner que foi campeão gaúcho invicto em 54, tomando dois golos do Juventude e fazendo os gringos levarem apenas nove na bagagem quando regressaram a Caxias do Sul. Também fiz o curso de formação árbitros faz trocentos anos quando era diretor do Departamento de Árbitros o Major Rudi Auler, oficial do Exército, vi e ouvi muitas coisas. Faz pouco escrevi um texto sobre o ludopédio e a seleção nacional que encaminhei ao Prévidi, mas não foi postado. Esse texto está em minha coluna no www.litoralmania.com.br e o link é: http://www.litoralmania.com.br/colunas.php?id=2017
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