Um Dia de Cão
Na semana em que os bancários voltaram a trabalhar no Brasil, ver ou rever esse filme, o qual muitos consideram como o melhor do subgênero “assalto à banco”, não é uma má ideia. Recriando fatos verídicos ocorridos no "Brooklyn Savings Bank" em 1972, o filme de Sidney Lumet – falecido em abril deste ano – inicia sem perder tempo, já com os três meliantes descendo do carro e logo tomando conta das dependências do banco. Sonny Wortzik (Al Pacino), o líder, carrega um pacote de presente em formato retangular e esguio, o que não levantar nenhuma suspeita ou desconfiança. Explica-se. Eram outros tempos. Não havia pânico por qualquer coisa. O World Trade Center sequer existia. Certamente, os nova-iorquinos eram pessoas mais tranquilas...
Poucos segundos depois de anunciado o assalto, o trio se torna uma dupla. Um deles "caga no patê", entrega a arma para Sonny e sai de cena, alegando não ter condições de seguir em frente. Resta ao líder do grupo a companhia de Sal (John Cazale), sujeito bastante quieto, esquisito e assustador, como quase todos os calados são. O assalto planejado não deveria levar mais do que 10 minutos. Mas o caos começa a tomar conta quando Sonny descobre que o dinheiro do cofre recém fora recolhido, e grande parte das notas que estão nos caixas tem marcações, não serve pra nada.
Não demora muito e a “NYPD” fecha o cerco ao banco, e a imprensa também se aglomera na frente do local. Começar então a ser formado um circo midiático que vai se prolongar por horas e levar Sonny Wortzil a uma inesperada e indesejável fama. O carnaval se completa quando os jornalistas descobrem que o principal interessado no assalto é o amante de Sonny, um doente psiquiátrico, que precisa de dois mil dólares para realizar uma cirurgia de troca de sexo. “Meu médico me disse que sou uma mulher preso ao corpo de um homem”. A tevê repete a todo momento que dois homossexuais estão mantendo reféns no Brooklyn Savings Bank, o que faz o taciturno Sal falar pela primeira vez: "Sonny, fala com eles. Isso está errado, eu não sou homossexual".
Tenso, muito tenso, mas com bons momentos de humor, e ainda um precursor na crítica ao "vidiotismo", Um Dia de Cão venceu o Oscar de 1976 na categoria de melhor roteiro original. Foi indicado ainda para melhor ator (Al Pacino), melhor ator coadjuvante (Chris Sarandon), melhor filme, melhor diretor e melhor montagem.
Um Dia de Cão (Dog Day Afternoon). EUA 1975. 124 minutos. Dirigido por Sidney Lumet. Com Al Pacino, John Cazale, Chris Sarandon.
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