Machado Filho elegante e cruel
Do www.machadofilho.com:
Minha mulher liga o rádio bem cedo. Quer saber a temperatura, previsão do tempo, e coisas assim. Acaba que aproveito para ficar ouvindo as primeiras notícias do dia. Mas tem uma coisa que vem chamando a minha atenção, já faz tempo, nos programas jornalísticos das manhãs. Estou me referindo às informações sobre o movimento na BR 116.
A Rádio Gaúcha, por exemplo, destaca um repórter, permanentemente, para circular pela rodovia, além de colocar no ar informações captadas por outro jornalista diretamente de um helicóptero que sobrevoa a estrada. Até aí, tudo bem. Uma questão da produção do programa deve determinar tal atitude. Agora, o que chama a atenção, é que as informações são, invariavelmente, as mesmas, todos os dias. O repórter entra e informa que a rodovia está congestionada no sentido interior-capital, que tem um congestionamento de alguns quilômetros e veículos trafegando pelo acostamento.
Do helicóptero vem a informação de que o trânsito está lento na estrada e que os motoristas devem evitar este ou aquele trecho. Normalmente informam sobre acidentes de pequena proporção “envolvendo veículos de passeio” sem vítimas.Ou seja, as informações de hoje são idênticas às de ontem e não mudam quase nada em relação às da semana passada. Todo mundo sabe que a BR 116 está congestionada todas as manhãs, os usuários, invariavelmente são os mesmos, ou seja, pessoas que moram em Novo Hamburgo, São Leopoldo, Esteio e outros municípios da região e que trabalham ou estudam em Porto Alegre.
Está bem. Eu sei que a senhora e o senhor dirão que as informações são importantes. Em certo ponto, até concordo. O que não aceito, como ouvinte, é ficar ouvindo uma, duas e muitas outras intervenções da reportagem, na terra ou no ar, sobre o mesmo assunto. Mudam, algumas vezes, as palavras, mas a notícia é sempre a mesma, assim como as orientações e os conselhos.
Pode ser que com a construção da Rodovia do Parque, as coisas melhorem e que o trânsito descongestione na BR 116. Até lá teremos que ouvir, insistentemente, que a rodovia está congestionada, que existe engarrafamento e tudo mais. Amanhã, garanto, ouviremos as mesmas informações de hoje. A BR 116 não muda. Então, como diria o macaco da TV, “eu só queria entender...”
Seria bem mais interessante que tanto o repórter aéreo quanto o terrestre só entrassem no ar quando tivessem algo capaz de chamar a atenção:um grave acidente ou,quem sabe,pneus sendo queimados na rodovia por "supostos" brigadianos.
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