A ÁRVORE DA VIDA
O filme mais incompreendido do ano chegou às locadoras do Brasil na última semana. Estreando nas salas do País em agosto, três meses depois de vencer a Palma de Ouro, em Cannes, A Árvore da Vida - quinto filme de Terrence Malick, 67 anos de idade e 38 de carreira – provocou reações iradas e muitos abandonos nos cinemas, principalmente de mulheres, segundo alguns relatos.
As queixas dos espectadores amotinados se concentraram em uma suposta falta de sentido no roteiro, acusado de fazer filosofia barata e querer roubar audiência do canal The National Geographic, e também na arrepiante e silenciosa sequência de cerca de meia hora, que joga na tela um mosaico espetacular sobre a origem do Universo e da vida na Terra. Até mesmo um dinossauro misericordioso aparece, não gratuitamente. Contudo, faz muito mais sentido um dinossauro surgir assim, na sua época apropriada, do que ressuscitado em um parque temático em pleno século 20, como vimos em O Parque dos Dinossauros, de Steven Spielberg.
No meio de toda a grandiloquente sequencia de imagens, cores, sons e sensações (inimaginável dentro do cinema feito nos grandes estúdios de hoje, a não ser, claro, se o cineasta tiver o prestígio de Mallick, que por isso tem sido comparado a Stanley Kubrick, na questão da liberdade criativa mesmo no meio do mainstream cinematográfico), que sugere nada mais do que somos tão pequenos, tão insignificantes, e tão grandes ao mesmo tempo, em relação ao infinito, temos a história da família encabeçada por "Mr. O'Brien" (Brad Pitt), o pai rigoroso de três meninos, e "Mrs. Obrien" (Jessica Chastain), em uma cidade pequena do Texas, nos anos 50. Logo somos informados que um dos irmãos morre em circunstâncias não especificadas, o que gera as tradicionais "vozes da consciência", presentes em todos os filmes de Mallick, e que também irritam tanto seus críticos. Os depoimentos em off vão interligar a mãe e o filho mais velho até décadas depois, quando o filho mais velho, um perdidaço Sean Penn, vai entrar em uma espécie de transe, relembrando do irmão perdido e da conturbada relação com seus pais.
Provavelmente, A Árvore da Vida não vai ser lembrado para a disputa dos Oscars, pois foi lançado bem antes de dezembro, quando entram em cartaz nos Estados Unidos os filmes com "potencial de Oscar". Mas a ausência da estatueta dourada não diminuirá o currículo de Mallick, o que é outra semelhança com Stanley Kubrick, cuja obra completa recebeu apenas um reconhecimento da "Acadamia", o prêmio de melhores efeitos visuais para 2001 – Uma Odisséia no Espaço.
Á Árvore da Vida (The Tree of Life). EUA, 2011. 139 minutos. Direção e roteiro de Terrence Malick. Com Brad Pitt, Jessica Chastain, Sean Penn.
desconocia que las mujeres fueron las que más abandonaron las salas de cine. La película a mi si me gusto por guión y por lo poética que es visualmente.
ResponderExcluirSegundo o crítico Rubens Ewald Filho, as mulheres ou abandonavam as salas ou se refugiavam nos seus IPhones, descontentes com o que se passava na tela.
ResponderExcluirEu, confesso, assisti o filme no "conforto do lar", mas me arrependo muito de não ter o prestigiado na tela grande.
Fábio Rübenich