Vinícola Campos de Cima
realiza poda de inverno nos parreirais
A Vinícola Campos de Cima, de Itaqui, na Campanha Gaúcha, realiza a poda de inverno nos seus 15 hectares de vinhedos. A ação faz parte dos cuidados que os parreirais precisam ter nesta época do ano, quando as temperaturas são muito baixas na região. Conforme o agrônomo e consultor técnico da Campos de Cima, Antonio Santin, a poda se dá após a queda total das folhas, em agosto.
Até agora, as plantas receberam um tratamento com Calda Sulfocálcica, um produto à base de enxofre, pouco tóxico, para eliminar os esporos dos fungos que por ventura estejam sobre elas. “O benefício disso é reduzir muito a necessidade de aplicação de defensivos durante o ciclo vegetativo, contribuindo assim para uma produção mais sustentável”, argumenta.
A poda tem a função de eliminar grande parte dos ramos produzidos na safra anterior. Assim, deixa-se o numero de gemas adequado para cada planta para que haja uma brotação exuberante e boa produção, além de garantir excelente qualidade aos frutos. Segundo Santin, essa etapa sucede a de manutenção e melhoramento dos parreirais, que engloba correção de solo e ajustes na estrutura física de sustentação das plantas.
“Plantamos diversas variedades para testar as melhores que se adaptam ao nosso clima. Aos poucos, estamos escolhendo aquelas que melhor respondem no nosso terroir”, avalia a proprietária da Campos de Cima, Hortência Ayub. Os vinhedos da vinícola produzem as variedades Chardonnay, Viognier, Pinot Noir, Merlot, Cabernet Franc, Cabernet Sauvignon, Shiraz, Malbec, Ruby Cabernet, Tempranillo e Tannat. Todas estas variedades a partir de mudas importadas da Itália.
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Ibravin defende redução
da carga tributária sobre o vinho
O diretor-executivo do Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin), Carlos Raimundo Paviani, defendeu nesta quinta-feira (4), em Brasília, a redução da carga tributária para o vinho brasileiro. Ao falar sobre a realidade da vitivinicultura brasileira na audiência pública realizada pela Comissão de Agricultura e Reforma Agrária (CRA) para discutir a situação dos acordos internacionais que impactam diretamente nas cadeias produtivas do leite, do arroz, do trigo, da carne e do vinho, Paviani salientou que o volume de impostos cobrados no país é um grande obstáculo à busca de novos mercados e ao crescimento dos produtos brasileiros. Ele esteve acompanhado presidente da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva de Viticultura, Vinhos e Derivados, Arnaldo Passarin. A autora do requerimento para a realização do debate foi a senadora gaúcha Ana Amélia Lemos (PP-RS).
Entre as propostas defendidas pelo setor, além da desoneração da produção, já que o vinho pode ser considerado como alimento, estão um maior controle e fiscalização, fiscal e sanitária e a alteração da política cambial, buscando uma melhor relação entre real e dólar, visto que a situação atual estimula muito mais a importação do que a produção nacional. Paviani também defendeu, em nome do setor, a revisão pontual do Mercosul (para os setores que tem condições assimétricas, tais como vinho, arroz, trigo, entre outros), revisão do ACE 35, que estabeleceu acordo de comércio entre o Mercosul e o Chile, pedindo a volta do imposto de importação. Outra reivindicação apresentada foi no sentido do Brasil tomar uma posição defensiva para o setor de vinhos em relação à negociação de acordo de livre comércio entre a União Europeia e o Mercosul. “Estas medidas buscam compensar o aumento das importações de vinhos pelo Brasil, em grande parte motivadas pelos acordos entre os países do Mersosul, e também procuram proteger a competitividade do setor ante novas ameaças de flexibilização de acordos comerciais especialmente com a União Europeia”, destacou Paviani.
Após ouvir exposição de especialistas, que relataram as dificuldades por que vêm passando seus respectivos setores, a senadora Ana Amélia (PP-RS) chegou a dar uma data para que o governo tome uma atitude concreta. “O dever de casa é do governo. Vamos dar um tempo de duas semanas para acompanhar a evolução do que foi aqui tratado”, afirmou a senadora pelo Rio Grande do Sul.
Cenário
Antes de apresentar os pleitos do setor vitivinícola brasileiro, base do sustento de mais de 20 mil famílias de pequenos produtores de uva no Brasil, Paviani discorreu sobre o panorama mundial da produção de vinhos, que mostra uma produção maior do que o consumo. Por esta razão, disse o diretor-executivo do Ibravin, a Uniao Europeia, maior produtora, importadora, consumidora e exportadora de vinhos do mundo, está reorganizando sua vitivinicultura, a partir de um plano implantado em 2008, prevendo a aplicação de 1,2 bilhão de euros de subsídio aos seus produtores até 2015. “O plano deles é avançar sobre novos mercados consumidores, como o Brasil, país com estabilidade econômica conquistada, moeda forte e ascensão social, quer atrai a atenção de países exportadores”, explicou. “Isso coloca em risco a indústria nacional de vinhos”, completou Paviani, justificando que, com os subsídios europeus, a concorrência fica desleal e predatória.
Em relação ao Chile e Argentina, Paviani relatou as discrepâncias nas condições de competitividade em relação o Brasil, que são bem diferentes em função da diferença de matriz produtiva, escala de produção ou mesmo pela forma com o produto vinho é tratado internamente, como produto prioritário – sendo o vinho, na Argentina, a bebida nacional. “É clara a nossa desvantagem frente a estes países”, apontou. Por outro lado, o diretor-executivo do Ibravin relatou a busca por qualificação do setor, com programas de melhorias das condições tecnológicas e busca de uma identidade para promoção coletiva dos Vinhos do Brasil no mercado interno e do Wines of Brasil no exterior. “Ainda estamos procurando alternativas para desafogar os altos estoques de vinhos de mesa, como um investimento maior na produção de suco de uva, que já recebe a metade das uvas comuns colhidas nas duas últimas safras”, citou.
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