Bom Dia! Quinta, 29 setembro 2011

Hoje o Julio Ribeiro escreve - http://www.adonline.com.br/ad2005/index.asp

Gisele pode encerar chão e lavar louça
Algumas coisas no Brasil são muito difíceis de entender. Outras beiram ao ridículo, como essa iniciativa da Secretaria de Políticas para Mulheres, do governo federal, de pedir ao CONAR a suspensão de comerciais da Hope, estrelados pela modelo Gisele Bündchen.
É ridículo, porque a propaganda brasileira está cheia de comerciais semelhantes, que brincam com as diferenças entre homens e mulheres, que usam a “guerra de sexos” como mote ou que simplesmente usam homens e mulheres em papéis “desvantajosos” e nunca se viu uma mobilização oficial semelhante.
A própria Gisele faz o papel de uma dedicada dona de casa num comercial da Sky e não se ouviu nada a respeito. Quer dizer, lavar louça, encerar a casa pode, o que não pode é a mulher usar a sua sensualidade para agradar ao marido?!!
Outra, marido pode fazer papel de babaca, de corno e idiota, como em vários comerciais dos quais já comentamos nesse espaço? Aí não é sexismo?
Ora, por favor, que a Ministra Iriny Lopes vá gastar seu tempo e a estrutura de sua Secretaria em coisas mais úteis. Não precisa tutelar o telespectador. Ele já descobriu o controle remoto!
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A DM9 está chegando a Porto Alegre.
Isso é bom ou ruim para o mercado gaúcho?
A pergunta me lembra uma daquelas histórias de almanaque. Um menino, querendo testar a sabedoria do mestre, escondeu em sua mão um passarinho e desafiou o sábio a responder se o pássaro estava vivo ou morto. Era uma pegadinha, porque se o mestre dissesse que estava vivo, o menino esmagaria o bichinho em sua mão e mostraria que o sábio errara, se ao contrário o mestre dissesse que o pássaro estava morto, era só abrir a mão e deixá-lo voar.
O sábio, como um sábio que se preza, deu-lhe uma resposta sábia.
- Você me pergunta se o pássaro está vivo ou morto, e eu lhe digo: a resposta está em suas mãos.
De novo, a chegada da DM9 ao RS será boa ou ruim para o mercado gaúcho? A resposta está nas mãos da DM9.
Ela chega respaldada por duas contas importantes: RBS e Azaléia. A primeira lhe empresta a força institucional do maior grupo de comunicação do sul e terceiro maior do país. Ser ciceroneado pela RBS já é meio caminho andado para estabelecer relacionamentos importantes aqui no Rio Grande do Sul. Já a conta da Azaléia, que foi a base para a fundação da DCS e de sua expansão em 25 anos, é o sonho de consumo de qualquer outra agência instalada em solo gaúcho e fora dele. Uma conta com forte visibilidade, grande receita e própria para trabalhos inovadores, criativos e premiáveis.
Então, a agência de Nizan Guanaes chega bem e pode, a partir, daí conquistar novas e importantes contas na terra de Bento Gonçalves e Erico Veríssimo.
Sua presença entre nós poderá ser muito boa, produtiva e qualificadora do mercado, na medida em que pode trazer novas tecnologias de comunicação, novos ângulos sobre coisas que já nos acostumamos a olhar sempre do mesmo jeito, pode levantar o patamar criativo da propaganda gaúcha, pode fortalecer institucionalmente o mercado, afinal passa a ser um mercado que tem uma DM9, mais ou menos como uma cidade que tem um Marriot, um Sheraton ou coisa do gênero.
Mas essa presença da DM9 pode ser muito danosa para o mercado do RS, se a agência usar todo o seu poderio, sua força econômica, para práticas comerciais predatórias. Se a DM9 quiser, ela pode trabalhar de graça um ano inteiro para qualquer cliente, sem que isso faça coceira em seu balanço. Da mesma forma, pode ser muito ruim para o mercado publicitário gaúcho se a agência desconhecer, e/ou desconsiderar a cultura local.
Aqui algumas coisas são diferentes, os preços são mais baixos, os salários são menores, o ritmo é um pouco mais lento do que em São Paulo e os valores pessoais são peculiares. Não é a toa que nenhuma agência nacional logrou êxito no mercado do Rio Grande do Sul até hoje. A McCann Erickson, por exemplo, permaneceu mais de 20 anos em Porto Alegre, mas nunca teve expressão significativa no mercado; a DPZ tentou se instalar aqui e não conseguiu; mais recentemente, a QG, do poderoso grupo Talent, fechou sua unidade regional.
Para o bem e para o mal, os gaúchos tem suas especificidades, seu jeito diferente de se relacionar com pessoas, marcas e empresas. Nós temos um orgulho danado das coisas que são daqui. Defendemos o Zaffari, por exemplo, como uma instituição do Estado. A Polar entendeu isso e se “acolherou” como sendo a cerveja dos gaúchos. A Casas Bahia, que dá certo em todo o país, aqui não deu, teve que fechar.
Estou relendo “O Romano”, do Mika Waltari e isso me faz lembrar do conselho que Sêneca deu ao jovem tribuno Minuto Lauso, quando este parte para uma temporada de trabalho em Corinto. “Em Corinto, seja menos romano”.
Que a DM9 se integre ao nosso mercado, tenha vida longa, que possa haver troca, intercâmbio, de impressões, percepções, modos de fazer as coisas, entre a recém chegada e as agências que já labutam por aqui há muito tempo. Que a DM9 não aja e não seja um corpo estranho, um soldado romano ataviado com seu elmo emplumado e sua capa escarlate em plena Grécia. Sejam bem-vindos. Vida longa à DM9!

Um comentário:

  1. Essa propaganda para mim é de mau gosto não pelo conteúdo e sim pela presença dessa criatura, isto para não dizer coisa. Padrão de mulher brasileira é a Juliana Paes, não essa criatura que mais parece um esqueleto despido. Essa tal secretária deveria sim se preocupar com as dezenas de vadias que com bundas descomunais e desproporcionais são vistas todos os dias em emissoras de TV em programas de baixíssima qualidade. Isto sim ofende a dignidade da mulher. Se essa secretária não tem mais nada a fazer que pela demissão e assim teremos um a menos a criar problemas à Presidente Dilma.

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