O blefe surrado do controle da mídia
Glauco Fonseca
É batata: Sempre que José Dirceu é flagrado em algo ilícito, lá vem o PT com o papo surrado de regulação da mídia. O partido encontrou uma forma de dar satisfação e sossegar o gerentão das falcatruas, lançando periodicamente o factoide de controle social da mídia ou qualquer coisa que o valha.
O PT, no entanto, sofistica-se em suas ameaças. Mais recentemente, questiona com veemência o que ela chama de oligopólio da mídia eletrônica de massa. Quem tem rádio não pode ter TV e quem tem rádio e Jornal que sossegue o pito. E muito mais, sem um mínimo de consistência e sempre discutido a partir de algo muito sujo, escancarado e protagonizado por próceres do partido, ou, quem sabe, antes que algo muito pior seja divulgado...
O blefe agora é o seguinte: Como a revista Veja não é uma concessão, nada pode ser feito contra ela no estado democrático de direito, a não ser o que hoje é considerado crime contra a propriedade privada. Contra do Estadão, quase a mesma coisa, com a diferença que ela possui uma rádio Eldorado que, se for desligada, nada ou quase nada acontecerá. A Folha de São Paulo, assim como a revista Istoé, também são veículos individuais e independem de concessões públicas. Aí está o caroço de abacate que não passa pela goela do Partido dos Trabalhadores.
Contra veículos não concessionários de licenças de radiodifusão, pouco ou quase nada se pode fazer sem que se queime TODA a Constituição na fogueira escura de uma ditadura. Agora, contra os concedidos, muita coisa se pode fazer, começando por ameaças, o que vem ocorrendo desde janeiro de 2003. O blefe, portanto, agora tende a se sofisticar ainda mais. Continua sendo uma ameaça infame, asquerosa, um desatino de um grupo de pessoas que está caindo pelas beiradas por sua total incompetência e desonestidade. E para piorar, nem oposição o PT possui. Diante desta aberração política nacional, nem ela pode ser culpada pelas cédulas em cuecas.
A estratégia, desta vez, é aumentar o tom da ameaça aos grupos multimídia baseados em redes de rádio e TV, concedidos, portanto. Ao sugerir a uma Rede Globo que seu império poderá ser desmembrado “para bem do povo brasileiro”, que um Grupo Record, que comprou a maioria de suas operações ao invés de recebe-las de graça, irá operar apenas esta ou aquela mídia, dois tipos de reação podem ocorrer: alguns grupos poderão se insurgir contra a ideia, engrossando as fileiras das mídias que hoje divulgam os deslizes políticos e outros poderão “negociar” o tema, entendendo aqui tudo que se pressupõe pelo verbo negociar devidamente centrado entre aspas.
Em suma, o PT sabe que pode levar o tema adiante na Câmara e sabe que no Senado também, ainda que com mais dificuldade. Nós já sabemos que tudo isto tem como objetivo pressionar a mídia para aceitar a absolvição de Dirceu, a anistia de Dirceu e a volta triunfal de Dirceu, para executar o projeto de poder do PT que, sem Dirceu, não decolará. Tudo isto é pano de fundo para o PT redimir seu grande líder, chamado pelo Procurador-Geral da República como chefe de uma organização criminosa conhecidíssima por todos como Mensalão.
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